Boêmio feliz...

(Poet ha Abilio Machado. 050193)

Admirei a lua branca lá no alto

Há encantamento no ar

Nuvens dançam

Singeleza e ternura

Parecia até ingênua menina

Que tímida se esconde

A face com o manto

Os olhos em evidência

Quanto mistério

Clamor das mentes solitárias

Você lua que em si mesma é evocada

Não há símbolo mais sutil

Que a linda lua a planar

Neste céu negro depois do anil...

Só, tímida, imaculada

Parada

No alto do tudo

Velando a terra que adormece

Quem me daria ouvidos

Às duas desta manhã?!

Minha luz protetora

Amiga minha

Dos boêmios

A quem consola

Clarão de luar

Acalmando as iras

E birras

Nos clãs e nas gentes vãs

Transforma os brutos em amantes

Os amantes em homens

O orvalho em lágrimas

E as lágrimas regando as hortelãs...

E ouço distante a cantiga

Alguém vai pelo caminho que fiz

É mais um perdido na noite

Metido a boêmio feliz...