Voar, voar...
Voar voar, subir subir ...
e ir para onde nasce o vento
com sua canção renascente,
saber o mistério das cavernas
mudas, invadindo o pensamento
em viagens além do horizonte,
buscar só paz em cada regato,
para depois, sossegadamente,
regalar-se com veredas serenas!
Voar voar, subir subir...
docemente entender as vontades,
ocupar os rombos das saudades
desvendar fantasia nas verdades,
num vôo lento que o tempo alça
no espaço medido da lembrança,
nem tão curto e nem demasiado,
o tempo que cai o pingo serenado!
Voar voar, subir subir...
envolto no campo de flor celeste,
cujas cabeleiras azuis espargem
pedaços doces de vida agreste,
revelando ao mundo a imagem
de cada humano enquanto espera
brilhar a ponta da fria estrela,
aos olhos do amado a mais bela!
Voar voar, subir subir...
e desfrutar a colheita do sonho
do céu caído no jardim terrestre,
onde anseio e dores são o carinho
disfarçado num sono silvestre,
mas quando coração abre a janela,
amor vem chovendo e inundando
os caminhos de luz na passarela,
e eu voando tal ícaro feliz amando!
Voar voar, subir subir...
sobre as flores mansas espalmadas
no sorriso de cada alma que passa,
desenhando firulas nas estradas
para uma vida de paz e graças,
viverei no meu outono da vida
o amor que eterniza a primavera,
sem o ciúme fatal que acorrenta,
brilhará a liberdade em nova era!
Santos-SP-03/04/2006