ALVORECER
Uma mansa brisa fria
Anuncia o alvorecer
A aurora doura o dia
Para a lua adormecer.
Surge o sol resplandecente
Sobre calmas águas alvas
Nuvens ralas transparentes
Vão cobrindo a estrela d'alva.
Numa orquestra enlouquecida
Trina a fauna em cantoria
Toda a mata agradecida
Se farfalha de alegria.
Reabrem-se os girassóis
Ondeando ao vento brando
Bem-te-vis e rouxinóis
Em duetos se afinando.
Galopando vão peões
Assoviando velhas trovas
Que se ouve a quarteirões
Dando ao dia boas novas.
Se aconchega a fêmea em cio
Faz-se terno o macho bruto
Do galho noviço e esguio
Cai a flor e surge o fruto.
É lindo ver a alvorada
Em nuance multicor
Sentir a vida renovada
Dar-se a ela com amor.