VIVO EM ACERTOS

Irei sim

Ao meu enterro...

Não decomposto em corpo,

Mas vivo em acertos!

E abrirei lá de cima (ou de baixo!)

Já um pouco sem jeito,

A caixinha branca

De uns breves momentos

Guardarei meus dias clareados

Os fartos momentos de enlevo

A luz de teu sorriso mascado

Meu rosto roçando teu queixo

As tardes laranjas de estrada

Os raios pratas em descarrego

Meu hot-dog com mostarda

Meu cachorro babando em chamego

As doces mordidas nas cocadas

As molecagens de pé preto

As tuas unhas pintadas

Os doces licores de amaretto

As peladas na enxurrada

Vovó alisando meus cabelos

A pintura azul da sala

Meu gato soltando os pêlos

As muitas mulheres amadas

E as outras tantas em que fui o erro

Tanto mais há a recordar

Que se fosse relatar aqui

Mais uma vida de acertos levaria

Ficam por aí os exemplos

De como um encarnado comum

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