TERNURA DOS 60

TERNURA DOS 60

Ai que ternura,

ai que saudade,

de toda aquela loucura

vivida na mocidade.

O que tinha para dar tudo dei,

entregando meu coração,

fui traído bem o sei,

começou minha paixão.

Loucuras outras vivi

bem longe da terra natal

amigos nunca esqueci

nem meu amado Portugal.

Foram tantas as etapes

que na vida percorri,

muitas cheias de dificuldades

mas todas elas venci.

Quando penso que envelheci

sem fronteiras de solidão,

afasto de mim o que sofri,

afago as penas do coração.

Rugas se foram criando,

perdendo sua juventude

o cabelo foi branqueando

ficando em mim a virtude.

Meio século volvido está

e à vida continuo amarrado,

o resto só Deus saberá,

e os sessenta ultrapassado.

Quem eu era e o que sou,

é a ternura dos sessenta

ser pai e ser avô

caminhando para os setenta.

Não vivo de nostalgia,

e o presente vou vivendo

revejo tudo o que escrevia

sempre com contentamento.

Aos netos quero transmitir

minha vida, minha experiência,

com eles quero repatir

toda a minha vivência.

Não sei quando partirei,

mas isso já pouco importa

saudades talvez deixarei

debaixo da minha porta.

Com ternura vou vivendo

nesta nova mocidade,

e aos poucos desfalecendo

nos braços da terceira idade.

Quem na vida não soube amar

pouco ou nada tem para dizer,

mas é sempre bom recordar

como foi nosso viver.

Tive tempo e o vivi

com toda a sua ilusão,

mocidade essa a não perdi

a levo no coração.

ALENTEJANO ORIENTAL
Enviado por ALENTEJANO ORIENTAL em 24/10/2008
Código do texto: T1245288