Da janela do poeta

Edson Gonçalves Ferreira

I

Ao lado de vasos de belas plantas

-- minha mãe ensinou-me a amá-las --

um "Santo Antônio", um lírio, um antúrio, uma erva-cidreira

e uma "Cecília", o poeta, à janela, não tem corpo voa

com os pássaros saídos da lagoa, lá do meio da mata

flores brancas no borrão azul desmaiado do céu.

II

Na tarde chuvosa, de um colorido plúmbleo,

a igrejinha, no alto do morro, acende a sua cruz

ela atravessa as retinas do poeta

e tudo o que ele foi: o menino coroinha, o jovem monge, desperta

pega a caneta e traça essa descrição ingênua

feito uma prece da sua janela

horizonte universal, conversando com você

e com Deus

Esse que, benevolente, vê a luz dos olhos do poeta.

Divinópolis, 19.10.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 19/10/2008
Reeditado em 19/10/2008
Código do texto: T1237042
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