A vida é um enredo
Em que o olhar se torna um ostensório
Que expõe o espírito,
Às vezes carente, às vezes, difuso
Ou com a pureza dos santos do éden celestial
Ou, ainda, com as incertezas
De um purgatório...
Nesse drama o homem é um ator
De uma escala indefinida,
No teatro da vida.
Não represento bem, faço o papel triste do carente
Na corte imaginária das rainhas do amor.
Quero partir, navegar no meu barco
Sem amarras que me prendam à ilusão,
Quero romper o cabo da âncora
Das minhas incertezas.
Partirei sem a âncora
Que o fundeia e o fixa, para as reflexões.
É uma viagem que maltrata,
Crucifica este timoneiro de sonhos em vão...
Não vejo o ancoradouro,
Vejo a agitação
Da vaga desordenada
A destruir a ventura dos meus ideais,
Conquistados com a força de um mouro
No decorrer da minha vida, que é o tempo,
Cheio de venturas e desditas.
E, como o meu,
Seguem tantos barcos
Entre rosas e rosário dos santos,
Entre lágrimas dos oratórios
Dos sonhadores
De peitos sob constrição...
Acordo com o sol a me iluminar
E a me mostrar
Que tudo era uma miragem,
Essa viagem que se instalou
no meu sonho.
Tarcísio Ribeiro Costa