CARNAVAL NO RIO.

Já ouço a bateria

O repique

O tamborim

E tuntun paticumbum...

Eu gosto do som sensual

Da cuíca...

A cadência marcada

Ao som de um apito

Que se impõe

Na algazarra organizada do samba.

O suor já descendo `

Pelas costas da passista

E que ancas...

Num remelexo

Que meu queixo...

Já já ficam prontas as fantasias

Num imaginário de artesão

Numa arte popular

De muita técnica e precisão.

No camarote,

A elite de sempre

Olhando o povo de cima

E se dizendo contagiada pela sua alegria.

Rolando espumante e cerveja

Mulher pelada e camisinha

Alguma droga qualquer...

Na arquibancada, a multidão

Desamparada como sempre

Gritando por ambulante com o seu isopor

Cadê a minha gelada?

Churrasquinho de gato no prato

Farofa e cerveja

Num suadouro comunitário

Sentindo o batuque da bateria.

Meses de economia pra comprar o ingresso.

Um sacríficio injusto

Pelo justo divertimento...

Na apoteose,

O fim desta overdose de festa

Da carne do meu povo

Do povo trabalhador

Que vai trabalhar de novo

Juntar dinheiro mais uma vez

Pra entrar na fila sob o sol

De quarenta graus do Rio

Comprando o ingresso

Do carnaval do ano que vem...

E o money de tudo isso

Vai pra quem?

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 11/02/2006
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