Mãe
Poema para Thaís que me fez Mãe
E tu me escolheste entre tantas mulheres
Olhaste-me, sem que eu ainda te visse
Vestindo-te de amor para em mim habitar
E te fizeste botão a florir em meu ventre
Nem te perguntaste se era primavera
Em ti, não existiam estações quaisquer
Planejaste chegar em tua mansuetude
Trazida pelos braços amorosos da lua
Que também cúmplice iria se fazer cheia.
Sonhaste em vir, quando sorrissem estrelas
E o vento te embalasse doces canções
E pulsaste vida, onde eu não me conhecia.
Ao ouvires a melodia da minha voz
Respondias-me no ritmo de teus membros
No vôo do teu coração , alçavas-me
Quando te entoava apenas o refrão
Daquela canção, em que minhas mãos
Dançavam passos de carícias contigo,
Quando somente te sentia dentro de mim.
Perdia-me em gestos, sussurrando-me
Ah, os segredos que te confidenciava
Nas noites insones, em que te espreguiçavas
Ocupando todos os meus espaços,
Como se até a respiração me levasses.
Parecias querer dizer ao mundo
Que em tuas conversas com Deus
Já havias decidido pelo momento
Em que sorririas em meus braços.
Sim, foste mais que desejada
E quando enfim te deitaste em meu peito
Unindo-te em uníssono ao meu cansaço
Rezei-te na voz do meu silêncio:
Bendita sejas tu filha
Pela Mãe que me tornaste!
© Fernanda Guimarães