NOTA: Quando escrevi este poema, você ainda estava junto a mim.

 

Mãe... Quantas vezes...

 

 

 

Mãe

palavra que traduz amor,

que traduz renúncia,

que traduz vida.

 

Mãe...

quantas vezes quis me jogar em teus braços

querendo apoio

te falar das minhas dúvidas,

dos meus medos,

e não o fiz,

tentando me mostrar adulta.

 

Mãe...

quantas vezes quis colocar a minha cabeça

 no seu colo,

te pedir um pouco de carinho,

e não o fiz,

para não me mostrar carente.

 

Mãe...

quantas vezes quis sentar junto a você

te falar do meu dia,

do meu trabalho,

das minhas frustrações,

das minhas tristeza,

e não fiz,

para não importuná-la.

 

Mãe...

quantas vezes quis te falar

dos meus momentos alegres,

que já estava amando,

que estava conhecendo o amor,

e não fiz,

para você não me achar uma boba.

 

Mãe...

quantas vezes quis me ajoelhar aos teus pés,

te pedir perdão pela minha rebeldia,

pelas minhas palavras grosseiras ( as vezes),

por nunca tentar me esforçar

para entender as suas razões,

pelo meu egoísmo,

e não o fiz,

para ser "durona".

 

Mãe...

quantas vezes quis me aproximar,

te abraçar, te beijar,

passar as mãos por teus cabelos

(hoje já brancos e escassos),

te falar do meu amor,

do meu profundo respeito,

da minha admiração,

do quanto és importante para mim,

e não o fiz,

simplesmente por ter "vergonha".

 

Mãe...

hoje passados tantos anos,

sei que demorei muito para te dizer,

mas criei coragem para fazê-lo agora,

e te digo com toda convicção,

o quanto és o meu orgulho,

o quanto és importante para mim,

o quanto te amo, apesar de não dizê-lo,

o quanto me sinto  privilegiada

por ser sua filha,

por poder te falar do meu amor,

pois quantos neste momento desejariam fazê-lo,

e não poderão, pois já é muito tarde?

 

Mãe querida,

eu te amo muito.

 

Sandra Mamede