Mulher – Veias abertas de uma luta

 

 

Uma grande mulher destemida do cocal,
Segura firme o cacete contra o coco e machado,
E vai porrete com força da mulher quebradeira,
Sentada no chão nem sabe que hoje é o seu dia.

A quebradeira não se recusa ao longo combate,
No meio do capoeirão possui a casinha de palha,
Esquece as dores e todos os problemas do dia-a-dia,
Dá baque com o porrete e vence com alegria.

Numa constante luta esta bailarina do coco babaçu,
Coleta as duras sementes que caem do alto da palmeira,
É a mulher semeadora do sertão maranhense,
Do óleo faz sabão, artesanato que é uma beleza.

Uma mulher de raça e muita coragem,
Transforma as palhas em cofos e chapéus,
Sozinha, ela é a chef e manda brasa sem aragem,
E na tardinha capina o mato da rocinha.

Colhendo o feijão verde e o quiabo,
Levando nas costas o cofo com as amêndoas,
Passa na venda do Mundin noutro povoado,
Troca por arroz doze quilos de coco quebrado.

Uma mulher de raça e muita coragem,
Agachada entre a grande fortaleza do coco,
Único meio de toda a sua sobrevivência,
Não sabe ela que o coco quebrado,
Serve até de combustível para a aviação.

Mais um dia se passa no meio do sertão,
A grande mulher resiste lá dentro do cocal,
Segura firme o cacete contra o coco e machado,
E vai porrete com força da mulher quebradeira,
Sentada no chão nem sabe que hoje é seu dia.

 

 

 

 

 

 

ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 08/03/2008
Reeditado em 07/03/2023
Código do texto: T892966
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