Mulher – Veias abertas de uma luta
Uma grande mulher destemida do cocal,
Segura firme o cacete contra o coco e machado,
E vai porrete com força da mulher quebradeira,
Sentada no chão nem sabe que hoje é o seu dia.
A quebradeira não se recusa ao longo combate,
No meio do capoeirão possui a casinha de palha,
Esquece as dores e todos os problemas do dia-a-dia,
Dá baque com o porrete e vence com alegria.
Numa constante luta esta bailarina do coco babaçu,
Coleta as duras sementes que caem do alto da palmeira,
É a mulher semeadora do sertão maranhense,
Do óleo faz sabão, artesanato que é uma beleza.
Uma mulher de raça e muita coragem,
Transforma as palhas em cofos e chapéus,
Sozinha, ela é a chef e manda brasa sem aragem,
E na tardinha capina o mato da rocinha.
Colhendo o feijão verde e o quiabo,
Levando nas costas o cofo com as amêndoas,
Passa na venda do Mundin noutro povoado,
Troca por arroz doze quilos de coco quebrado.
Uma mulher de raça e muita coragem,
Agachada entre a grande fortaleza do coco,
Único meio de toda a sua sobrevivência,
Não sabe ela que o coco quebrado,
Serve até de combustível para a aviação.
Mais um dia se passa no meio do sertão,
A grande mulher resiste lá dentro do cocal,
Segura firme o cacete contra o coco e machado,
E vai porrete com força da mulher quebradeira,
Sentada no chão nem sabe que hoje é seu dia.