Sobre as Mulheres
Aos olhos dos que as viam como escravas
Não restou nada, além de uma certeza
De que a luta, nem sempre é cravejada
Em ódio, sangue, maldade ou aspereza
Conquista, por si só, de quem merece
Reconhecida, inviolável liberdade
E no peso da batalha, alicerce
Que fortalece ao cimentar dignidade
E de tudo que é belo tomam parte
Espelhos da própria natureza
Musas, sinfonia, a própria arte
Revelada em seus traços de beleza
Mulheres, sofridas mulheres
Castigadas até por suas religiões
Queimadas, negociadas, castradas
Usadas, domesticadas e acusadas
Apunhaladas em seus nobres corações
Barreiras que tiveram de enfrentar
Sem deixarem de saudar a alegria
Colo amigo, para tudo acalmar
A grande prova da existência divina
E em tantos vendavais, a esperança
Que se transforma em vida, ao parir
E ganha o mundo, em sonho de criança
Da maior dor, um motivo para sorrir
Mulheres, simplesmente mulheres
A união entre a força e o amor
Coragem apoiada na destreza
Mulheres, cada qual com seu valor
São como as flores que brotam na cidade
De haste singela que enverga
Que dobra, desdobra mas não quebra
Tamanha a sua flexibilidade
Tamanha é a força de vontade