ser mulher
Uma mulher olha-se ao espelho
Comprimem-se os quadris
Levanta os seios
E um meio sorriso lhe diz:
Já são trinta janeiros
Já se foram o verdor da puerícia
E o rubor ingênuo da fronte
Já não me arrebatam flertes
Nos embrulhos da malicia
E aquela pequena carquilha
Entre o segredo dos olhos
Sulcadas em minha tez
Da minha testa a franzir
Revela que fiz meus trilhos
Nas marcas do existir
A minha volta os filhos
E o Amor que prendi
Nos laços dos meus encantos
Aquele a quem escolhi
E do espelho ela requer:
Espelho, espelho meu
Existe algo mais rico
E mais lindo que o ser mulher?