A tarde de sábado
A tarde de sábado em tédio profundo de sol forte sobre a calçada. Atiço a atenção e sobra...
Um bem-te-vi pousa no muro como se me dissesse "oi". Vago, um homem passa com saco nas costas.
Uma criança brinca sei lá onde,
Uma criança de um tal sonho
Alguém feito de éter e filho de alguém.
E se eu acreditasse em Diana e Ceres?
E se eu fosse um poeta esquecido do século dezoito?
Da geração Orfeu... E se... E se...
Não há vento que varra os meus pensamentos.
O que fazer à noite? Ah, boa pergunta.
A noite de sábado é valiosa, dizem.
O que farei? Não sei.
Há uma memória que não me escapa com o vento que diz assim: tu, jovem, sentado no banco traseiro do carro;
Tu, jovem, será alguém.
Tu, jovem, terá de saber o que fazer nos sábados à noite.
Tu, jovem, deve deixar os pensamentos irem com o vento.
E o que resumo de tudo isso? Que poucos me vêem
— e deveriam ver —;
Pois o sábado à tarde está quente,
E nada exista que tenha a ver comigo...