Festança
Hoje a cidade amanheceu mais bonita
As ruas todas enfeitadas com bandeirolas de chita
Na praça uma grande sanfona toca forró do bom
O sanfoneiro arretado testa alegre o som.
Um jegue foi esculpido em pau de laranjeira
Simboliza a distribuição do licor em plena sexta-feira
A quadrilha preparada, cada par se enfileira
O triângulo já ressoa e alcança a praça inteira.
A noiva chega afobada porque esqueceu o sapato
O noivo chegou mais cedo e trouxe com ele um gato
O padre ainda não chegou para oficializar o ato
O cardápio principal é um cozido de fato.
Na casa da noiva todos na maior alegria
O pai da noiva não sabia se chorava ou se sorria
O que ele mais sonhava era casar a fia
Nisso, o padre chegou e causou muita euforia.
O padre foi logo dizendo: os noivos estão casados
Um deles estava no altar e o outro no mercado
Quando se encontraram foi poeira pra todo lado
A praça ficou pequena pra aquele forró afamado.
A festança durou até o amanhecer do dia nonito
Acabou todo o licor, só não acabou a alegria
Não tinha nem um forrozeiro que ali não sorria
O povo não arredava o pé, daquele sertão querido.