Assim é o Carnaval...


Vê-se assim o Carnaval:
uma mistura de vidas.
São pessoas estranhas,
próximas, conhecidas...
Todas se entranham,
nas ruas e avenidas
de areia ou asfalto.
Na praia, no campo,
o foliar fala alto.
Vê-se em todo canto,
quase tudo é Carnaval.
São diversos, os cantos,
mas o canto é igual.
Alegrias sentidas,
muitas vezes, fingidas.
Amores escondidos,
desejos contidos,
alguns deles remidos,
assim é o Carnaval...
Riquezas mostradas,
misérias banidas,
fortunas inventadas,
outras reais, inseridas...
Pessoas desamadas,
tantas outras queridas,
nuas, mascaradas,
algumas iludidas...
Gente afortunada,
feliz toda vida,
não só no Carnaval.
Belezas exprimidas,
satisfação, afinal!
Dores reprimidas...
O problema é banal...
Pessoas espremidas,
mas nada faz mal!
Suores escorridos,
paz espiritual,
corpos tremidos,
não há nada igual...
Lágrimas escorridas,
do bem e do mal...
Cinzas assentadas
e novamente sopradas
por algum vendaval...
Vidas vindas, passadas,
nomes e rostos banais,
almas machucadas,
ferimentos letais...
Trabalho expedito,
dinheiro surgido,
uma renda a mais...
Encontros furtivos,
horror conjugal...
Quaisquer adjetivos,
alguns, lenitivos...
Assim é o Carnaval!
Ventos soprados,
soprando de novo,
de outros carnavais...
Para uns, alegrias,
para outros, espanto,
ou lembranças imortais...
Cantam e encantam
vários tons, mesmo canto
em todos os carnavais.
Já não há mais espanto,
seja guerra ou paz,
tudo, enfim, é normal,
permitido demais...
Sendo bom, sendo mau,
assim é o Carnaval...


(Reedição - Versos compostos em 11FEV2013, no Carnaval de Olinda/PE, e publicados no mesmo ano)