REGRESSO
Sim, volto ao passado
Desmedido,brando e nebuloso
Ainda que próximo e presente
Conduzo em silêncio
pela autoestrada deserta
Aporto à cidade calma
Para assistir, espectador
Solidário,atencioso,mero observador atento
Espero pela hora na esplanada
a esplanada está vazia
Apenas alguns grunhos aos berros ao lado numa mesa
Sinto a chuva fria nos cabelos
Reverbero, estremeço e resisto
Na solidão adversa familiar
Presencio a função
Os momentos a representação o júbilo
As gaffes o improviso
risos e gargalhadas
palmas e alegria
Para onde foi essa onda
Tão longe e tão próxima
Porque me acho meio estranho
No meio de tudo isto?
Cumprimentos à esquerda e à direita
Regresso tranquilo
a coxear o pé a doer
Não dou à primeira com o caminho
Mas há uma paz imensa que emerge e sobressai
Quando mergulho na escuridão da estrada.