REGRESSO

Sim, volto ao passado

Desmedido,brando e nebuloso

Ainda que próximo e presente

Conduzo em silêncio

pela autoestrada deserta

Aporto à cidade calma

Para assistir, espectador

Solidário,atencioso,mero observador atento

Espero pela hora na esplanada

a esplanada está vazia

Apenas alguns grunhos aos berros ao lado numa mesa

Sinto a chuva fria nos cabelos

Reverbero, estremeço e resisto

Na solidão adversa familiar

Presencio a função

Os momentos a representação o júbilo

As gaffes o improviso

risos e gargalhadas

palmas e alegria

Para onde foi essa onda

Tão longe e tão próxima

Porque me acho meio estranho

No meio de tudo isto?

Cumprimentos à esquerda e à direita

Regresso tranquilo

a coxear o pé a doer

Não dou à primeira com o caminho

Mas há uma paz imensa que emerge e sobressai

Quando mergulho na escuridão da estrada.

José Manuel Serradas
Enviado por José Manuel Serradas em 14/11/2023
Código do texto: T7931812
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