Ode ao Poeta da Liberdade
(À Castro Alves)
hoje lembrei de ti
hoje refleti suas lavras
mas hoje tu não estais conosco
és imortal
estais nos astros etéreos
no firmamento tangente
no infinito
os escravos não mais
clamando por liberdade
estão nas favelas agora
nas marginais
estão clamando por carinho
os escravos
hoje, poeta, são todos nós
brancos
pretos
pardos
ricos
pobres
estamos clamando agora
por alívio
somos escravos da violência
oh, lívido ser plangente
que contemplava a beleza da mulher
da amada mulher
das moças cândidas de desejos
à flor da pele
que almejam o beijo lascivo do poeta
hoje, baiano espumante,
assopras as velas dos navios
e nas praças mudas e sujas
não fazem parte mais do povo
mas da ausência de vida e de beleza
aclamai, aos dadivosos seres,
aclamai a liberdade da dor,
oh, poeta dos astros, das naus dantescas
dos grilhões desenfreados de vossos filhos
que clamam por justiça e lealdade.
ave poeta
ave imortal lírico e romântico
ave poesia
que és um pequeno introito no oceano
profano das ilusões virtuais.