Festa da carne

O brilho, as luzes, a vibração

No ar, de pessoas estranhas

Entre si e para o mundo, que

Porquanto se encontram, se

Fazem, se festejam, se cantam.

Unidas por um dia, uma noite,

Um brado de alegria, uma saudosa

Pintura de corpos que se aproximam,

Se conhecem, se intimidam. De pessoas

Que perdem, que choram, que se fingem

Bem. Que buscam, em tal quadro

Belo, algo de especial que se

Lhes falta, não lhes é prometido.

Pessoas que perdem, se perdem,

Tentando se encontrar, em uma noite

Fria, talvez chuvosa; noite

De brilho, de luzes, de vibração.

Gente que se perde o ano inteiro

E encontra, em Fevereiro, a chance

De se achar. Gente que busca

Encontrar aquilo que, de sua alma

Vazia, sente falta em Dezembro.

Gente que perde, gente que repete

E se repete na esperança de se

Gostar. Mas as vezes tem, também,

Gente que acha gente; gente que

Sente, diferente, com intenção

De que daquele quadro, quente,

Pintura insolente possa, enfim,

Gerar algo que à alma alente,

Ao coração esquente, em outras

Noites frias e faça, por fim,

Brilhar.

Yohan
Enviado por Yohan em 01/05/2023
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