Dia de Cinzas

Quarta-feira

O fogo baixou

A poeira ficou

Num dia cinza, desencapado

A alegria continua, semi-condutora

Solto na multidão

Livre em oração

Perdido, e achado

Suado, e entregue ao chão

Num dia de cinzas

O arco-íris me encontrou, em rabisco

Sigo a arquibancada em coro

Sigo o desfile em harmonia

O bloco sem freio

O ritmo na ponta da língua

Os passos ensaiados

O trio quase secundário

Retornam agora ao armário

Para que a purpurina derramada

Volte a brilhar e iluminar

Os sambas de que não soube dançar

A euforia de quem soube pular, e cair

Cair e levantar,

E até mesmo tombar.

A fantasia pagã de quem espera reviver

Cada flash desta jornada carnavalesca

Curtos momentos

Registrados em memória de longo prazo

Em carne, em osso, em fetiches

Em fitas gravadas

Em fitas varridas.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 22/02/2023
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