Dia de Cinzas
Quarta-feira
O fogo baixou
A poeira ficou
Num dia cinza, desencapado
A alegria continua, semi-condutora
Solto na multidão
Livre em oração
Perdido, e achado
Suado, e entregue ao chão
Num dia de cinzas
O arco-íris me encontrou, em rabisco
Sigo a arquibancada em coro
Sigo o desfile em harmonia
O bloco sem freio
O ritmo na ponta da língua
Os passos ensaiados
O trio quase secundário
Retornam agora ao armário
Para que a purpurina derramada
Volte a brilhar e iluminar
Os sambas de que não soube dançar
A euforia de quem soube pular, e cair
Cair e levantar,
E até mesmo tombar.
A fantasia pagã de quem espera reviver
Cada flash desta jornada carnavalesca
Curtos momentos
Registrados em memória de longo prazo
Em carne, em osso, em fetiches
Em fitas gravadas
Em fitas varridas.