“PASSAGEIRO” - Dia da Poesia
Tornaste-me um agonizante
Que perambula de pensamentos
Em pensamentos
Sem, contudo, firmar-se na vontade própria
Como um guia perdido
Em labirintos sem fim.
Na poesia, deixas-me encontrar eco
E dela fazer um escudo e uma poderosa arma
Onde deixo transparecer meus anseios
Na busca incessante de um passado longínquo.
Largaste-me como um trapo velho
Como se mero mortal eu fosse
No entanto, às vezes, podes te enganar
E nos poemas cantar as tuas verdades
Sem que consigas tocar-me o coração.
Luxúria, medo, alegrias e tristezas
Mar revolto em tarde escura
Largo apito, tristonho e febril
Nos ecos estridentes de um navio passante.
O que eras e o que buscavas
Fervilhava na mente do agonizante
Que agora treme nos medos crus.
Tal poder esconde a força
Que um dia desabrochará
Como pétalas de rosas
Ao sabor dos ventos uivantes.
JC BRIDON