PRÓTESE DE DOR: grampo, negação e súplica. Alusão crítica ao Dia do Protético, 5 de Novembro

Texto republicado

PRÓTESE DE DOR: grampo, negação e súplica

1) Prótese e grampo furador

A prótese dentária que é colocada

na boca de alguém para dar mais estética

transforma a pessoa em figura patética,

se não for bem-feita e bem-apresentada;

"tem grampo que fura, dá língua travada,

defeito na voz e problema na fala...".

Essa incompetência revolta e abala

quem paga um trabalho caríssimo como esse

e vê um protético com desinteresse

"no molde¹, na prova² e fugindo³ da sala".

¹ ² dois momentos da confecção de uma prótese que parecem requerer do protético e do dentista a concentração de um monge e atenção de um ourives.

²saindo tão rápido que parece estar fugindo do consultório.

2) Negação e prejuízo

ou: Protesista e protético, um pelo outro

De quem é a conta¹, se um "protesista"

tira o molde da dentadura da gente

e faz pelo mesmo prótese diferente

daquela cujos dentes lhe dão a pista?

Não posso dizer se ele sofre da vista

ou se erra a mão e desmonta o que monta²,

se um "protético" está com a cabeça tonta...

Mas “troco um pelo outro e não peço volta”,

se a prótese fura³ a gengiva ou se solta

e só o paciente é quem paga essa conta.

¹Quanto é a despesa, se..., Quem paga a despesa, se...,

De quem é a culpa, se...

²ou se erra a mão, a montagem e a monta; a monta: importância ou valor. ³eufemismo: digo que "fura" para não dizer que "sangra".

3) Intenção de súplica

"Serviço bem-feito é um remédio infalível";

dá vida a um sistema aberto ou hermético¹.

"Tomara que assim seja" todo protético

e todo odontólogo — onde lhe é cabível:

escreva² o prontuário com letra legível,

conheça a estética e a fonoaudiologia,

seja "um milagreiro" ao fazer cirurgia³,

"dê fé" ao Ofício* com integralidade,

renove o sentido de espiritualidade —,

que um Anjo é seu guarda, que Deus é seu guia!

¹fechado, misterioso, enigmático.

*os verbos no imperativo (escreva, estude, etc.) "não estão mandando nada": cada um integra uma oração subordinada "subjetiva" que completa a oração principal "Tomara que".

³cabível somente ao dentista.

*"dar fé a" quer dizer acreditar em; no caso do servidor público, são dois ofícios: do diploma e do cargo.

Valdir Loureiro

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