Minha homenagem ao Dia Nacional do Poeta 20 de Outubro
EPIGRAMA N° 7
A tua raça de aventura
quis ter a terra, o céu, o mar.
Na minha, há uma delícia obscura
em não querer, em não ganhar...
A tua raça quer partir,
guerrear, sofrer, vencer, voltar.
A minha, não quer ir nem vir.
A minha raça quer passar.
Cecília Meireles – do livro Viagem
O FAZER POÉTICO
É como colher uma fruta
por vezes madura
por vezes quase pronta
por vezes ainda verde
amadurecendo
em dias sem conta
tecendo corpo
tomando forma
ganhando gosto
É como tocar uma flor
por vezes em esplendor
por vezes quase pronta
por vezes ainda botão
escondida
fantasia, que num segundo desfeita
ei-la! conhecida beleza
revelada ao mundo
colorindo a vida
É como olhar o passado
por vezes guardado
por vezes quase inatingível
por vezes ainda a flor da pele
presente
tão real quanto visível
vertente de tantas lembranças
utente de velhas heranças
tocando novos corações
É como o caminhar pela praia
por vezes antes que o sol saia
por vezes para sentir o calor de sua luz
por vezes apenas para contemplar
o mar e o entardecer
que encanta e seduz
berçário de tantas inspirações
quantas sejam nossas emoções
e a coragem para não esconde-las
É como a chegada das paixões
por vezes a provocar vendavais
por vezes quase uma brisa
por vezes despercebida e silenciosa
elaborando com mão cuidadosa
selecionando em cada verso
os carinhos que um dia
cantarão essa magia
que é poesia
como o amor entre lençóis
ao romper do dia...