O BRASIL DE AFONSO ARINOS - CEM ANOS - 27 DE NOVEMBRO DE 2005
27 DE NOVEMBRO DE 2005
CEM ANOS DO NASCIMENTO DE AFONSO ARINOS EM VERSOS.
Nas Minas Gerais, cidade de Belo Horizonte,
Estendida por sua fluente riqueza,
Rainha de nobreza e de homens sábios da lei,
Rincões de augustos poetas com certeza.
Bela terra amada, é Minas Gerais,
De povo bravo com faustos nomes,
Enriquecendo por todo o Brasil,
O universo de sua gente intelectual.
Foi ali naqueles horizontes belos,
Que ergueu uma flor entre os montes,
Circulada por cadeias em sua terra,
Nasceu o Grande Mestre.
Constelação airosa era a família,
Pomposa no Estado de Minas,
Tradicionalista e provida de intelectuais,
Das Províncias, Império e República.
Um raio faiscante brilhou e cintilou,
No dia vinte e sete de novembro,
Em mil novecentos e cinco, festivo,
Uma criança abre os seus olhos.
O imortal Afonso Arinos,
Casou – se com Ana Guilhermina,
Concebendo dois filhos,
Fies retrato de seus pais.
Em berço amado e glorificado,
Triunfante baluarte nasceu,
Com o nome do seu tio,
Assim teve e muito recebeu.
Afonso Arinos de Melo Franco,
De família ilustrada das Minas Gerais,
Afrânio de Melo Franco como pai,
E mãe, Sylvia Alvim de Melo Franco.
Uma rica família e singela,
Fundadora das Minas Gerais,
Filho dos maiores Estadistas,
Da nossa República do Brasil.
Sobrinho do Afonso Arinos,
O maioral do conto sertanejo,
Nas feições do certame brasileiro,
Irmão de Virgílio de Melo Franco.
Chegou aos braços de Minas,
O menino que fez Belo Horizonte crescer,
Navegando nas embarcações da leitura,
Esquiado em grandes lençóis do saber.
Raios de sol mineiro ofuscam,
No gigantismo da linguagem juvenil,
Sobressai no bom menino ilustre,
A aprendizagem das grandes conversas.
Rodeava as mesas e ouvindo,
As conversas dos políticos e poetas,
Que na sua casa não deixava de ter,
E Afonso Arinos gostava de ver.
Reuniões que se prolongam nas noites,
O pequeno Afonso de tudo queria saber,
Não se afastava nenhum minuto,
Às vezes distante, se escondia para ouvir.
Aquele pequeno jovem, ainda moço,
Compreendia as lições da vida,
Os amargos de uma passagem,
Fruto que perdurou em toda sua vida.
Não se desvinculava de prestar atenção,
Nos efeitos de todas as reuniões,
Das palestras que se prolongava dentre noite,
Este menino não se cansava e hesitava.
Sentiu a verdura da vida,
Aos princípios de sua jovialidade,
Com pensamentos e ideias,
De como seria as coisas do Brasil.
Retorcia a cabeça próxima dos pais,
Escondia-se pelos jardins,
Mais estava sempre presente,
Nas conversas que não era de criança.
Um garoto benquisto e sabido,
Educado e prazeroso,
Sabia muito bem falar e sentir,
Não poderia ainda discernir.
Os anos foram se passando rapidamente,
Um dia, seu pai lhe chamou:
-Filho se apronte para fazermos uma visita.
E Afonso Arinos seguiu rápido.
Semeado pelo sangue nas veias,
Da coloração do tomate,
Mesclado pelos altivos provinciais,
Fluiu nos decênios de sua nascença.
Bateu em seus olhos,
Flutuou na sua mente,
O jazigo de ouro pendente,
Soberano no peito varonil.
Atravessava as abrolhas
No sossego que emitia
Das instruções recebidas
Vencia a teorias sem rebeldia.
Das heranças vividas na alma,
Debruçadas nos irmãos de Arinos,
Sobressaiu o brio literato,
Ainda no espírito jovial.
Estaleiro de muitos navios,
Assim, paravam no porto,
Da literatura e política,
Acalentado pelo menino Afonso Arinos.
Lá sempre estava o pequeno grande,
No casarão de Belo Horizonte,
No seu quarto lastreado de retratos,
Como Voltaire, Beethoven com Eça de Queiroz.
Não havia outro encanto ao nino,
Fixando no albor de Gustave Eiffel,
A magia relampejada na certeza,
Da mais ilustrada obra existente.
O pequenino pisou seus pés,
Na terra onde tem a Torre Eiffel,
Constrangido, ele muito ficou,
Tristonho quase chorou.
Em saber que aquele homem doente,
Era um grande poeta amigo de seu pai,
Chamado Raimundo Correia,
Que se reclamava num leito de dores.
O menino se aproximou e ali sentou,
No beiral da cama de Raimundo Correia,
Entrou-lhe no espírito a grande dor,
De ver aquele poeta se acabar.
Sentiu na alma o jovem Afonso Arinos,
De ver Raimundo Correia agitado,
Na luta pela vida sem romantismo,
Tudo padecendo na realidade crua.
Assistiu com os olhos de criança,
Aquele grande magistrado,
De trio eloquente não se ouvia,
O professor e diplomata.
E os olhos avermelhados,
Transmitiam a comoção de Arinos,
Lançado naquela cama,
Ali se perdia o parnasianismo brasileiro.
O príncipe das Minas Gerais,
Observa as longas barbas,
Encobrindo toda sua face,
Do maior poeta da língua portuguesa.
Às manhãs, reservava um espaço,
Crescente como às vezes, a lua,
Fluorescente como sol,
Que todos os dias brilham.
Com suas calças curtas e bem gomado,
Foram diversas vezes na Cadeia Velha,
Tomou ciência de tudo em sua volta,
Refletindo no diagonal da excelência.
Ainda no colégio primário,
Da cidade de Belo Horizonte,
Conheceu Drummond de Andrade,
Chamado de menino travesso.
Na casa do Rio de Janeiro,
Na terra de São Sebastião,
Lá em Copacabana,
Ali também morou o príncipe das letras.
E nas noites literárias,
Ouvia sempre Fernando Sabino,
Lendo o seu primeiro livro de conto,
Calçado em botas sertanejas.
Jamais esqueceu os amigos,
Prado Kelly e Pedro Nava,
Com quem dividia discussões,
Nas salas de aulas o que incomodava.
Com as sintonias da paixão,
Não deixava de escrever,
As tempestades do pensamento,
De um pequeno mineiro.
Fecundava no Rio de Janeiro,
O brado acústico do jornalista,
Entre as flores do viver e sentir,
A reflexão da escrita em versos.
Agitava os dias cariocas,
O jornal de Assis Chateaubriand,
Aquele paraibano sorridente,
Que tinha a alma pernambucana.
Ao ver naquele jovem o espírito,
Descarregou com muito prazer,
As poesias naqueles diários,
De um futuro promissor que sonhava.
Destemido e tenaz foi mais longe,
Na parceria de Prudente Morais Neto,
Fundaram a Revista Estética,
Que foi um grande sucesso.
E na cidade de São Paulo,
Somou na representação,
De Sérgio Buarque de Holanda,
E lá saía uma galanteada edição.
Na Cidade Maravilhosa,
Buscou ali entre as montanhas,
Que rodeiam o Rio de Janeiro,
A sua presença mineira e carioca.
Estando na faculdade de direito,
Não tardou tão logo se formou,
Em triunfante e fausto advogado,
Com memórias infindáveis jurídicas.
No jornal Diário de Minas,
Teve impulso recantado,
Através do seu amigo poeta,
Carlos Drummond de Andrade.
Exercia a chefia com primazia,
Era um grande redator-chefe,
E tudo somou na luz mineira,
A participação de Afonso Arinos.
Buscou no ensino das letras,
Vislumbrando assuntos em Genebra,
Sobressai a valentia de um moço,
Ladeando no magistério superior.
Atribuindo assim sua sina,
Ao espírito iluminado brasileiro,
Versando loquaz na história do Brasil,
Sempre estudando o dia inteiro.
Congratulava-se no seu sangue,
Botões dourados de saber,
Frutos da herança família,
Com modéstia um grande mestre.
O desato dos ensinos,
Partiu-se em fronteiras,
Chegando a ministrar cursos,
De história do Brasil em Montevidéu.
Perlustrando a ciência brasileira,
Deu curso de história econômica,
E por demais política do Brasil,
Acostado do nosso país vizinho.
Perfilhou doces emoções de sabedoria,
Do amor ligado à sua terra,
Almejante de obras – primas,
Festejadas por todos os brasileiros.
Atravessando mares e oceanos,
Rumou para linda Paris,
E lá chegando ministrou curso,
Na Sorbonne sobre cultura brasileira.
Com prenúncio do Instituto Franco Brasileiro,
Afonso Arinos arraigou nos ares de Paris,
O Brasil verde e amarelo,
O que mais gostava de fazer.
Um amante eterno do Brasil,
Ladeado em todos os tempos,
Civilista já de natureza,
Grande homem do nosso Brasil.
Na América do sul,
Foi para a terra do tango,
Vocação íntima de falar,
Explorar na Faculdade de Letras.
Naquela Universidade de Buenos Aires,
Saltou-lhe o navegante das letras,
Inspiração do surgimento,
E vocação eterna de Arinos.
Deslocando suas aspirações,
Como representante do Ministério Público,
No torrão da Capital Mineira,
Desbravando os encantos jurídicos da profissão.
Seus intentos não paravam,
Sua existência era sempre uma estrela,
Desafiando a carreira de magistério,
No ano de mil novecentos e trinta e seis.
Provou aos olhos do povo,
Que este brasileiro mineiro,
Sombreava a voz da nação,
Colorindo o Brasil pelo mundo.
Estrelou no Instituto Rio Branco,
Com nomeação de professor,
Fez da história do Brasil,
E preparou vários diplomatas.
Afonso Arinos um símbolo,
Uma imagem do Brasil,
Catedrático de Direito Constitucional,
Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Uma das maiores revelações,
Da Universidade do Brasil,
Atualmente a famosa UFRJ,
Da cidade maravilhosa.
O vultoso homem de Minas,
Nos rebates da história colonial,
Dos enfeites imperialistas,
De tudo Arinos pontificava.
Mestre das letras mineiras,
Inegável histórico de vida,
Temente aos olhos de Deus,
Religiosamente cumpria sua fé.
Não descansou nos seus dias,
No sangue tremia a política,
Embebida pelos traços da família,
Desta forma fazia Afonso Arinos.
Desenhou o seu papel como estadista,
Também obteve total ventura,
Tão logo relampejou no tempo,
Em mil novecentos e quarenta e sete.
Foram três mandatos eleitorais,
Lá se vai o grande mineiro,
Para câmara como deputado federal,
Na Capital do nosso Brasil.
Enraizado em socorro,
Aos apelos de sua alma,
No contrate da política,
Marcando sua passagem.
Não parou, navegou mais, mais,
E já contava com três mandatos,
Político por natureza divina,
Açoitado pelas encostas da alma.
Defendeu de todas as maneiras,
A sua grande terra – Minas Gerais,
Estudando o território brasileiro,
Encheu divinamente de aspirações.
Na Câmara dos Deputados,
Era membro da Comissão,
De Constituição e Justiça,
Visando novos rumos políticos.
Refletia às vezes, incansavelmente,
O sistema injusto e lá defendia,
Mostrando o nosso parlamentar,
O que é ser um brasileiro.
Embelezou a mentalidade política,
Levando consigo lições nacionais,
Para uma mudança radical,
Em busca de soluções ao país.
Uma carreira política desgastante,
Marcado por lutas sociais,
Em constante batalha,
Na trajetória de sua vida.
Relampejou também na Comissão Mista,
De leis complementares da Câmara,
Relator exíguo da Comissão Especial,
Elaborando pareceres de Emenda Parlamentar,
Com intuito de fazer atualizações,
Para a nova Constituição do Brasil,
Muito trabalho realizou,
Em prol da sociedade brasileira.
Grande líder mineiro,
Da União Democrática Nacional,
O Brasil caminhava em espinhos,
Suculentos de tantos desejos.
É o pai da Lei Afonso Arinos,
Um dos trabalhos jurídicos,
Que levou seu nome,
Para todos os cantos do Brasil.
Senador de prestígio e fama,
Pelo Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal,
Desempenhou grandes papéis,
Na nossa República do Brasil.
Líder oposicionista do Governo,
Ali centrava suas ações,
Senador de prestígio e fama,
Desejando a autonomia do Distrito Federal.
Pelo Rio de Janeiro, ex Distrito Federal,
Desempenhou grandes papéis,
Na nossa República Federativa,
E na história desse país.
Líder oposicionista do Governo,
Ali centrava suas ações,
Desejando a autonomia do Distrito Federal,
Sobressaindo os mais férteis sentimentos.
Indignado com a situação dos brasileiros,
Ou de qualquer outra pessoa,
Pelos preconceitos sofridos,
Elaborou com muita primazia.
A história da discriminação racial,
Que sempre pisoteava a dignidade,
Ventilando nos horizontes da nação,
Inúmeras injustiças e desprezos.
Entendia o legislador mineiro,
Que só o homem era capaz de amar,
E reconhecer a verdade e a beleza,
Na igualdade de condição humana.
Sabia o culto Afonso Arinos,
Que povos das Minas Gerais sofriam,
Como várias partes da nação,
Entrelaçada pelos velhos costumes.
Além das misturas raciais,
Aglutinando na sociedade,
Criando perturbações e conflitos,
Na discriminação ideológica.
Nos estudos sociólogos, ele brilhava,
O único mineiro de Belo Horizonte,
Compreendia as lembranças,
Deixadas por séculos do povo mineiro.
Dos ternos de Congo e Moçambique,
O sangue da libertação dos escravos,
Dos poucos direitos dos negros,
Da sociedade racista.
Da compreensão humanística,
Sabia muito o ilustrado professor,
De toda a história do Brasil,
E no peito erguido algo tinha de acontecer.
Da colonização das terras,
Tiradas dos do poder dos índios,
Obrigados a laborar em vão,
Nas correntes e severos castigos.
Veio o negro africano em substituição,
Sem valor e resto de humano,
Preto, negro de pura negreja,
Retirados bruscamente de suas pátrias.
Vindo nos navios como um lixo,
Forçados a trabalharem na sorte,
Ora em minas e na casa do senhor,
Assim via o advogado brasileiro – Afonso Arinos.
Banido a escravatura restaram as raças,
Na extensão das misturas,
Observava o grande jurista mineiro,
Que a discriminação não poderia se perpetuar.
O internacionalista das Minas Gerais,
Ao sentir as diferenças na Europa,
E nos Estado Unidos da América,
Lutou por seu projeto até ser Lei.
Sentia o advogado e político,
A precisão de uma legislação futurista,
Em que as classes socialistas,
Efetivasse a dignidade do homem.
O coração do Deputado Federal,
Pulsou, palpitou forte quando viu,
Sancionada a sua lei que levou seu nome,
Para dentro da Constituição da República.
Em janeiro de cinquenta e oito,
As portas das letras do Brasil,
Abriam-se levemente os botões dos lírios,
Era Afonso Arinos na Academia de Letras.
Na ABL seu espadim ofuscava,
Sendo honrosamente o seu nome,
Levado nas alturas dos céus,
Pelo nobre Manuel Bandeira.
Triunfando para a cadeira n. 25,
Em sucessão de José Lins do Rego,
E sucedendo seus elogios literários,
Na ABL recebe Guimarães Rosa.
Seguindo sua trilha política,
Não quis ser reeleito, partiu do Senado,
Numa despedida de rios de discursos,
Em prol da reforma constitucional.
Sua memória ficou patenteada nos anais,
Tão logo, o deputado Pedro Aleixo da Câmara,
E o Senador Daniel Kieger a pedidos,
Aspiravam ter na Constituição do Brasil.
A inclusão desse artigo do político mineiro,
Capítulo – Declaração de direitos insertos,
Nas crescentes gerações dos povos,
Na igualdade dos direitos e deveres de cidadania.
Com muita ostentação,
Foi para o Governo Jânio Quadros,
Na pasta de Relações Exteriores,
Procedendo na política externa independente.
Não podemos jamais olvidar,
Que foi Afonso Arinos,
O primeiro chanceler brasileiro,
A visitar o continente Africano.
Nos aplausos do povo de Senegal,
Aventurado pelo Presidente Leopoldo Senghor,
Mostrou os verdadeiros passos,
Da nação política brasileira.
Explodiu no coração africano,
As sementes do povo brasileiro,
Com suas origens e irmandade,
Aflorada pelo Diplomata maior – O mineiro.
Em pouco tempo, aflorando sua pasta,
Foi chefe da Delegação do Brasil,
Frente as Nações Unidas,
Nas Assembleias Gerais.
O Estadista e Diplomata brasileiro,
Foi mais longe do que se pensava,
Levou o coração do Brasil,
Na conferência do Desarmamento em Genebra.
Cheio de nobreza e inteligência mineira,
Voltou a ser ministro das Relações Exteriores,
Impulsionado pelo amor à Pátria - mãe,
No governo parlamentarista de sessenta e três.
Afonso Arinos de Melo Franco,
Vestiu as páginas das derrotas e glórias,
Levando o Brasil ao mundo,
Demonstrando o que é ser brasileiro.
Como deputado e senador,
Proferiu centenas de discursos,
Que por obra às letras do pensamento,
Abrilhantava em todas as ocasiões.
Marcou sua história como orador oficial,
A sua pronúncia no Congresso Nacional,
Felicitando Charles de Gaulle,
Honrado Presidente da França.
Em outro discurso proferido,
Abrandou com sua voz vocativa,
Elogiando o Presidente da Itália,
Honorífico Giuseppe Saragat.
Assim, sentiu que o Brasil se faz brasileiro,
Levantou o estandarte verde amarelo,
A qualquer hora onde fosse preciso,
Historiou o Brasil nos seus valores.
É Afonso Arinos, o grande mineiro,
De oito milhões quinhentos e onze mil,
Novecentos e cinquenta e seis,
Quilômetros quadrados.
É nele que se reporta toda história,
Da prosperidade brasileira,
Em especial mineira de natureza,
Em modernidade a vida inteira.
Terra das transformações absolutas,
Desde a Abolição da Escravatura,
Até na Proclamação da República,
Espelhadas nas lições de grandes homens.
Da corrida ao ouro nascente,
É na boa terra de Afonso Arinos,
Que leva a famosa cidade - Bela Horizonte,
De aventuras para uma imensa memória.
Terra onde um mineiro,
Preparou um lugar certo,
Mais humano e bom de se viver,
Plantada nas lições dos heróis.
Tens a história mais romântica do Brasil,
Dos teus verdores nasceram várias estrelas,
A geração mais destacada,
De toda a literatura do Brasil.
Tens o grande Afonso Arinos,
Que seguiu a hierarquia da família,
Uma Arcádia de escritores,
Modernizadores do cenário nacional.
Nasceste na terra do Drummond,
Cyro dos Anjos, Luís Vaz,
Pedro Nava, Milton Campos,
Tantos homens que mudaram a literatura.
Tantos sacrifícios e glórias,
Até a semana da Arte moderna,
Centralizou o marco potencial,
Nas veias abertas do coração mineiro.
Que tanto tempo passou,
Aspirações tardias se envolviam,
Traçadas por questões adversas,
Repassando no brio do poeta.
Alicerçando seus conhecimentos,
Foi Secretário de Estado,
Do célere governo,
Revolucionário de Magalhães Pinto.
Autor do Manifesto dos Mineiros,
Germina a iniciativa de Afonso Arinos,
Na derrubada do Presidente,
Getúlio Vargas no ano de quarenta e três.
O deputado Federal Afonso Arinos,
Impulsionado pelas tensões,
Ao ato repugnante da Rua Tonelero,
Lança sua voz no Tribunal.
Mesmo sendo um líder,
E minoria na Câmara,
O Estadista não recuou,
Agitou o Congresso Nacional.
Era nove de agosto,
De mil novecentos e cinquenta e quatro,
Suas palavras espancavam a covardia,
A impunidade do crime.
O assassinato do Major da Aeronáutica,
Rubens Florentino Vaz,
Na Rua Tonelero no Rio de Janeiro,
Quando acompanhava Carlos Lacerda.
Carlos Lacerda jornalista,
E dono do Jornal Tribuna da Imprensa,
Era alvo de tiros,
Com sua morte arquitetada,
Lá, em frente à sua própria casa,
Sem ao menos saber de nada,
Jazia em sangue na calçada,
O corpo do Major da Aeronáutica.
Com o discurso proferido,
A crise político militar,
Já se agravou e ganhou espaço,
Por todo o Estado brasileiro.
O Deputado rasgou as palavras,
Contra o Governo Getúlio Vargas,
Desfilou naquela amplitude como:
“Patriarca do roubo no Brasil”
Revela naquele pronunciamento,
Com o suor derramando na face,
Braços agitados e nervosos,
Chamava o governo de “estuário da lama”
O mineiro desata os laços,
E faz a maior tribuna,
Agigantado por uma grande plateia,
Em favor do correligionário Carlos Lacerda.
Abertamente pronunciava,
A participação do Presidente Vargas,
No atentado de Carlos Lacerda,
Por membros da Guarda Presidencial.
Carlos Lacerda manifesta um Editorial,
Capaz de revolucionar as ideias,
Na Tribuna da Imprensa,
Único local de sua fortaleza gritante.
A força da União Democrática Nacional,
Do partido do deputado Afonso Arinos,
Ganhava forças junto à imprensa,
As forças militares na República do Galeão.
Arinos sentiu que algo teria que acontecer,
E seu correligionário não estava só,
Lacerda foi morar na base do Galeão,
E Café Filho rompe com o Presidente.
O deputado conhecia a coragem,
E por tais motivos o defendia,
Os ideais de Carlos Lacerda,
Que morreu sem ser anistiado.
A voz de Afonso Arinos bradava,
Clamava por todos os cantos,
Pedindo ao Presidente Vargas,
Que melhor seria renunciar.
Mais a renúncia não saiu,
Intitulado discurso o Presidente ouviu,
E no Palácio do Catete,
O Presidente Vargas, lá morreu.
Somente um tiro no coração,
O Presidente Getúlio Vargas,
Silenciou para sempre,
O seu derradeiro governo.
Uma lembrança amarga,
Distorcida em vários sentidos,
E o idealismo não parou,
Afonso Arinos por isso brigou.
Com a morte de Getúlio Vargas,
Os olhos do político e conferencista,
Vestia-se num mar de lágrimas,
Por trás de um sigilo na alma.
O professor da cátedra não aguentava,
As emoções de uma dinastia destruída,
Não pensava que Getúlio Vargas,
Fosse ao abismo da mais ingrata covardia.
Os soluços do crítico e ensaísta,
Revoltava as pulsações agonizantes,
Prantos preenchiam as pupilas,
E a mente do mestre escurecia.
Não sabia mais o que fazer,
Não queria mais falar,
Suas palavras tomaram um silencio,
Num vazio todo caótico.
O dia em que o Afonso Arinos chorou,
Não havia um lenço,
Para segurar as gotículas,
Daquele grande internacionalista.
Mas o povo brasileiro já sabia,
Que o atirador da Rua Tonelero,
Era um dos homens de confiança,
Do Presidente Getúlio Vargas,
Além das publicidades dos jornais,
Que Carlos Lacerda lançava,
Contra o Governo eram violentas,
Getúlio Vargas já não sabia mais governar.
Apunhalado por todos os lados,
Sem um minuto de descanso,
O governo se balançava,
Nas mãos de pessoas inescrupulosas.
As revoltas eram constantes,
E Vargas com os olhos entristecidos,
E não saber o que fazer,
Naquela hora mais apertada.
Penetrava seus olhos pelas frestas,
Rezava pra que tudo acabasse,
No desate que levou o seu nome,
Sem ter de nada participado.
E assim se foi o grande Getúlio Vargas,
Na escalada desenfreada,
De frutos que não brotou de sua mente,
E muito menos autorizou ou ordenou.
A matança do esquerdista Carlos Lacerda,
Que o povo logo lhe culpou,
Por ser o atirador o homem,
De confiança do seu governo.
As investigações foram à frente,
Em tal brevidade que se consumou,
Na descoberta e dos mandos,
Pra tirar o jornalista Carlos Lacerda.
Não foi o Presidente Getúlio Vargas,
Foi conspiração do seu governo,
Para fazer calar a voz,
Do grande jornalista carioca.
Meu mestre Afonso Arinos,
Revoltou-se contra tudo e todos,
Culpou-se no coração,
E por dentro das meditações.
Que a morte de Getúlio Vargas,
Fora ocasionado pelos fantásticos discursos,
Que proclamava nas tribunas,
Sendo ouvida por todos os brasileiros no rádio.
Taciturno após a morte do Presidente,
Retirou bravamente o discurso,
De seus documentos dos anais,
Da Câmara dos Deputados,
Em momento algum deixou a terra,
A montanhesa de Minas Gerais,
Seus frutos e suas árvores,
Do refúgio do longo saber,
Raízes de um grande passado.
Guerreiro de Minas Gerais,
Ouvinte de vários conselhos,
Em momentos talvez conturbados,
Jamais deixava de gostar de Minas.
Sua crítica era um brilhantismo,
Que lavava o espírito na alma,
Enxugado pela dor de mudanças,
Para um equilíbrio altivo.
Desfrutando os anos,
Entrou no bloco de oposição,
Do governo Juscelino Kubitschek,
Enfrentou barreiras e discussões.
Em defesa do patriotismo,
Que molhava o seu peito,
Não queria deixar o governo,
E nem parti sem o seu povo.
Elegeu novamente,
Em mil novecentos e cinquenta e oito,
Grande senador no Distrito Federal,
Deixando esse cargo em sessenta e seis.
A vida desse político e advogado,
Era um enlace de bravura,
Norteando em vários lugares,
Vicissitudes de um querer,
Outro governo logo chegou,
Afonso Arinos logo deixou,
O cargo de senador da República,
Pra ser ministro do exterior.
Nas artérias do Governo João Goulart,
Afonso Arinos move-se contra ele,
Apoiando o golpe militar,
No ano de sessenta e quatro.
Era o mês de agosto,
Daquele desgostoso ano,
Definia a Ditadura Militar no país,
Período de lenços pretos nos rostos.
A falta de democracia virava anarquia,
Os direitos constitucionais não existiam,
A busca pela censura e repressão,
Jorravam em múltiplas perseguições políticas.
O mestre Afonso Arinos,
De imediato repugnou,
Discordando do autoritarismo,
Como forma de impor e governar.
A crise política se alastrava,
Com a renúncia de Jânio Quadros,
Em plena época da guerra fria,
O povo temia o comunismo.
O partido da oposição a UDN e PSD,
Acusavam abertamente Jango,
Dos planos de golpe de esquerda,
E responsável direto pela crise.
Na gestão do governo Ernesto Geisel,
Colabora na sua gestão,
Projetando reformas no País,
E puramente constitucionais.
Cujo governo embargava lentamente,
Na transição da democracia,
Terminando por vez,
O fim do milagre econômico.
Germina a crise petrolífera,
A crise financeira desequilibra,
Os empréstimos diminuem,
Na acirrada crise de inflação.
Assim Geisel anuncia a abertura,
Daí a oposição ganha espaço,
E vários atentados são fatos reais,
A volta da democracia no Brasil.
Sua jazida de conhecimentos,
Jorrou na Tropicologia do Recife,
Na Universidade Federal de Pernambuco,
Presença vultosa nos anos setenta.
Memoráveis foram os instantes,
Que se perpetuaram para toda a vida,
O seminário da tropicologia de Recife,
Nos lírios da semente da ecologia.
Aquele brasileiro multiplicado,
Em todas as áreas de atividades,
Mestre das letras no conjunto,
Patriarca no gênio amplo.
Pertencia o Diplomata Afonso Arinos,
Uma das alas da intelectualidade,
Prudentemente em assuntos brasileiros,
Numa linguagem versada no seu culto.
Na labuta de homem público,
Este jurista e explanador de ideais,
Sabia traçar os sulcos dos problemas,
Como geográfico até no tropicalismo.
Uma envergadura que nasceu em Minas,
Conferencista de primeiro mundo,
Mostrando a realidade do seu país,
Na meta razão sociocultural.
O professor e ensaísta do Brasil,
Diplomata por cumprir,
A lealdade de seu pai,
Na dignidade de lutas e bravura.
Era também intitulado,
Na sociedade do Instituto Geográfico,
Imergido no Histórico do Brasil,
Em todas as dimensões do conhecimento.
No ano de setenta e seis,
O contentamento bate forte,
Na cordialidade firme do político mineiro,
A UFRJ concede o título de Professor Emérito.
Em toda a sua jornada literária,
Cumpriu fielmente com brilho,
Como Homens e temas do Brasil,
Consubstancia Reino e do Império.
Inúmeros trabalhos de estudos,
Aprofundados genuinamente na história,
Que se desdobrava com os seus conhecimentos,
E vasta pesquisa de estudos.
Galante na sua desenvoltura,
Lidada ao saber da verdade,
Realizou várias conferências,
A respeito do nosso Brasil
No Serviço do Patrimônio Histórico,
E Artístico Nacional com documentos,
Analisados e comprados com outros,
Dos quais foram maus estudados.
Como um grande causídico,
Consultor do Banco do Brasil,
É encarregado para escrever,
A história do Banco do Brasil.
Incompleta a obra,
É demitido por assinar,
O manifesto dos mineiros,
Decaindo o seu potencial literário.
O descrédito íntimo da alma,
Bailada nas incertezas das brisas,
Deixou de escrever por um período,
No Diário de Notícias.
As lembranças e os contra tempos,
Marcavam uma época literária,
A íntima vontade do poeta,
Escrever a memória do seu pai.
Cuja figura representava,
Os próprios passos de Afonso Arinos,
Nas letras dos três tempos sugerindo,
O título de “Um estadista republicano”
Não haverá jamais alguém,
Que descreva com precisão,
Os episódios da história contemporânea,
Sobressaindo como crítica da época.
No ramo do direito constitucional,
Enfatiza de modo claro e sereno,
A história do direito e o constitucionalismo,
Além da formação constitucional do Brasil.
Jamais Afonso Arinos se reportou,
Aos confins da historiografia,
Pois o seu espírito seguia,
Os documentos e a análise.
Há de compreender,
Que suas obras publicadas,
Contam com três biografias,
Nos anais da literatura brasileira.
Nos estudos de direitos,
Sobressaem seis sobre direito Constitucional,
Mais três assuntos econômicos,
E seis sobre a história do Brasil.
As obras literárias ganham espaços,
Em cinco críticas e duas de ensaio e crônica,
Das quatro memórias,
Segue duas de poesia e crônica poética.
Testando seus conhecimentos,
Da arte cênica faz uma de teatro,
E que mais admira despeja treze,
De assuntos políticos do Brasil.
Destaca os ensinamentos básicos,
Da estrutura dos problemas brasileiros,
Busca os anseios na sociologia,
Atravessando os elos da cultura.
O escritor, poeta, e crítico,
Lançava mão com entusiasmo,
Por ser um grande historiador,
Jurista por aclamação.
Nos traços da voz,
Não lhe faltava espaço fértil,
Em fazer memoriais,
Como também trabalhava em colaboração.
Passou a ser membro imortal,
Da academia Mineira de Letras,
Como sucessor de Juscelino Kubitschek,
Da real cadeira n. trinta e quatro.
Eleito Senador do Rio de Janeiro,
Abraçou a Comissão de Sistematização,
Da Assembleia Nacional Constituinte,
Deixou marcado e pontificado na história.
Foi membro árduo da advocacia,
E do Instituto dos Advogados Brasileiros,
Além de ser Eleito o Intelectual do ano,
De mil novecentos e setenta e três.
Com o Prêmio Juca Pato,
Da Sociedade Paulista de Escritores,
Destacou-se sua principal obra,
“Alma do tempo”
Um místico levantado,
Na tradição religiosa,
No respeito ao individuo,
Da confiabilidade e da lei.
Também recebeu o Prêmio,
Luíza Cláudio de Sousa,
Do Pen Clube do Brasil,
Na biografia de Rodrigues Alves.
É homenageado por duas vezes,
Ao grande Prêmio Jabuti,
Da Câmara do Livro de São Paulo,
Com a publicação de dois volumes.
Como homem político,
Teve notáveis papéis,
Na ação internacional,
Às vezes tropeçando sem ninguém ver.
E que por várias vezes o bom mineiro,
Realizou proezas em favor do Brasil,
Que jamais esqueceremos,
Que Afonso Arinos foi muito além.
Interagiu de imediato,
Contra a emancipação,
Das terras do Triangulo Mineiro,
Ressurgindo assim o impulso aclamado.
Juntamente com seus amigos,
Otto Lara Resende e Osvaldo França Junior,
Formaram a Comissão,
Contra a Emancipação do Triangulo.
No fogo da paixão pelo Brasil,
Era a sua maior admiração,
Saber da história do Brasil,
No Colégio Mello e Souza.
Com memórias e Alto-Mar Maralto,
E Amor a Roma,
São versões praticadas no espírito,
Desencadeadas de dentro da alma.
Guarda-se nestes versos,
Que só muito tarde,
O homem das letras de Minas,
Veio conquistar o seu berço sagrado.
Na Academia de Letras Mineira,
Já no fim de sua vida,
É simplesmente agraciado,
Como patrono de uma cadeira.
Um Afonso Arinos que sempre viveu,
Vestindo uma camisa,
Chamada de Brasil,
De nacionalismo ao civismo praticável.
Da maturidade relampejada,
Nos anais da consciência mineira,
Na formação de sua mocidade,
Elasticidade com muitas emoções.
Na crítica era um expert,
Com o que sempre fazia,
Espelho de três faces,
Com ideia e tempo.
No Mar de Sargaços,
Portulano, entre o Som do outro sino,
Desta forma se completava,
Um fausto observador modernista.
Não tardou nos morros do Rio de Janeiro,
Ostentado pelo Cristo Redentor,
Deixou o mar agitado,
Na bela Cidade Maravilhosa.
Desciam dos céus anjos brasileiros,
Na quarta semana do mês,
Numa segunda feira lastimosa,
O dia em que São Sebastião ordenou.
Uma legião planava de brancura,
O tempo fechou e ficou obscuro,
Era vinte e sete de agosto,
Daquele lúgubre ano de mil novecentos e noventa.
Antes da chegada dos anjos,
O espírito da diplomacia mineira,
Foi até as Minas Gerais,
Rever seus traços e perfis.
As árvores e montanhas sentiram,
O príncipe das letras do pensamento,
Ultrapassando os últimos momentos,
De uma despedida sem volta.
Os pássaros mineiros sobrevoaram,
Num gorjeio diferente,
As montanhas rolaram suas pedras,
O Triângulo Mineiro se rebatia.
Ali passava Afonso Arinos pelo centro da cidade,
Entre os arranha-céus de Belo Horizonte,
Modernista e repleta de arbustos,
Do verde encobrindo os seus olhos.
Penetrou aguçadamente nos anais,
Da Academia de Letras Mineira,
Sentou e abriu o Manifesto dos Mineiros,
Lembrou da liberdade deixada com seus companheiros.
Em cada passo do memorialista,
Percebia as máculas incolores,
Afincadas nos rincões da Arcádia Mineira,
Gotículas de quem não queria partir.
De todo um canto uma vida,
Ilustrada com sacrifícios,
De um republicano bom mineiro,
Professor da história do meu Brasil.
Soluçada em conflitos humanísticos,
Nos limites do ventre erigido,
Afonso Arinos olhava,
Por baixo dos óculos maciços.
A notícia ainda não tinha se espalhado,
Os jornais continuavam calmos,
Sem haver qualquer notícia,
E o povo mineiro ainda dormia.
No clarão por trás das montanhas,
Nascia mais uma vez
A cidade de Belo Horizonte,
E Afonso Arinos, ali se despedia.
Do nascimento renascido,
Vivido e contemplado,
Pisava no seu torrão abençoado,
Das minas e minerais assim dizia.
Ao despontar dos contrastes do Rio,
Sobrevoou a cidade maravilhosa,
De encantos e carnavais,
Das alegrias que faz majestosa.
Retornava num passo mágico,
Na terra de São Sebastião,
Onde o palco da república
Por várias vezes se explodia.
Chamou o Cristo Redentor:
-Venha cá Afonso Arinos.
-Tua luta não terminou.
-Sobes no meu corcovado.
Pela primeira vez de toda história,
O Cristo de braços abertos,
Numa única vez, abraçou,
Acolhendo o filho ilustre nos braços,
Estreitou ao peito e sorriu.
E disse:
-Vejas as tuas Minas Gerais.
-Bonita, moderna e feliz.
Emocionado e com os óculos nas mãos,
Afonso Arinos suplicou:
-Não abandones o meu povo.
-Não deixes a rebeldia e anarquia.
-Furar os olhos da nossa democracia.
Nosso Senhor Jesus Cristo, assim exclamou:
-Não olvidarei jamais Arinos,
-Eu sou brasileiro
-Estarei sempre de braços abertos.
-Nos teus cem anos de nascimento.
-Vou escolher um poeta.
-Pra versar em versos brancos pela primeira vez.
-Toda a tua vida em versos.
Em segundos o sol brilhou na cidade carioca,
AFONSO ARINOS DE MELO FRANCO,
Partia alegre e feliz,
Celebrando entre seus filhos
A linhagem dos caminhos,
Da vida do Brasil,
Mostrando como é ser brasileiro outra vez.
Foi-se uma história,
Em prantos e magoas no coração pátrio,
Acalentada por um brasileiro,
Afonso Arinos, um brasileiro verdadeiro.
Herói da Minas Gerais,
Que fez coisas que nem mesmo,
A história brasileira possui,
Um talento mineiro agraciado por Deus.
Brasil! Brasil! Brasil!
Salve este notável apaixonado,
Rei das Minas nas letras,
De tudo pelo Brasil o fez.
27 DE NOVEMBRO DE 2005
CEM ANOS DO NASCIMENTO DE AFONSO ARINOS EM VERSOS.
Nas Minas Gerais, cidade de Belo Horizonte,
Estendida por sua fluente riqueza,
Rainha de nobreza e de homens sábios da lei,
Rincões de augustos poetas com certeza.
Bela terra amada, é Minas Gerais,
De povo bravo com faustos nomes,
Enriquecendo por todo o Brasil,
O universo de sua gente intelectual.
Foi ali naqueles horizontes belos,
Que ergueu uma flor entre os montes,
Circulada por cadeias em sua terra,
Nasceu o Grande Mestre.
Constelação airosa era a família,
Pomposa no Estado de Minas,
Tradicionalista e provida de intelectuais,
Das Províncias, Império e República.
Um raio faiscante brilhou e cintilou,
No dia vinte e sete de novembro,
Em mil novecentos e cinco, festivo,
Uma criança abre os seus olhos.
O imortal Afonso Arinos,
Casou – se com Ana Guilhermina,
Concebendo dois filhos,
Fies retrato de seus pais.
Em berço amado e glorificado,
Triunfante baluarte nasceu,
Com o nome do seu tio,
Assim teve e muito recebeu.
Afonso Arinos de Melo Franco,
De família ilustrada das Minas Gerais,
Afrânio de Melo Franco como pai,
E mãe, Sylvia Alvim de Melo Franco.
Uma rica família e singela,
Fundadora das Minas Gerais,
Filho dos maiores Estadistas,
Da nossa República do Brasil.
Sobrinho do Afonso Arinos,
O maioral do conto sertanejo,
Nas feições do certame brasileiro,
Irmão de Virgílio de Melo Franco.
Chegou aos braços de Minas,
O menino que fez Belo Horizonte crescer,
Navegando nas embarcações da leitura,
Esquiado em grandes lençóis do saber.
Raios de sol mineiro ofuscam,
No gigantismo da linguagem juvenil,
Sobressai no bom menino ilustre,
A aprendizagem das grandes conversas.
Rodeava as mesas e ouvindo,
As conversas dos políticos e poetas,
Que na sua casa não deixava de ter,
E Afonso Arinos gostava de ver.
Reuniões que se prolongam nas noites,
O pequeno Afonso de tudo queria saber,
Não se afastava nenhum minuto,
Às vezes distante, se escondia para ouvir.
Aquele pequeno jovem, ainda moço,
Compreendia as lições da vida,
Os amargos de uma passagem,
Fruto que perdurou em toda sua vida.
Não se desvinculava de prestar atenção,
Nos efeitos de todas as reuniões,
Das palestras que se prolongava dentre noite,
Este menino não se cansava e hesitava.
Sentiu a verdura da vida,
Aos princípios de sua jovialidade,
Com pensamentos e ideias,
De como seria as coisas do Brasil.
Retorcia a cabeça próxima dos pais,
Escondia-se pelos jardins,
Mais estava sempre presente,
Nas conversas que não era de criança.
Um garoto benquisto e sabido,
Educado e prazeroso,
Sabia muito bem falar e sentir,
Não poderia ainda discernir.
Os anos foram se passando rapidamente,
Um dia, seu pai lhe chamou:
-Filho se apronte para fazermos uma visita.
E Afonso Arinos seguiu rápido.
Semeado pelo sangue nas veias,
Da coloração do tomate,
Mesclado pelos altivos provinciais,
Fluiu nos decênios de sua nascença.
Bateu em seus olhos,
Flutuou na sua mente,
O jazigo de ouro pendente,
Soberano no peito varonil.
Atravessava as abrolhas
No sossego que emitia
Das instruções recebidas
Vencia a teorias sem rebeldia.
Das heranças vividas na alma,
Debruçadas nos irmãos de Arinos,
Sobressaiu o brio literato,
Ainda no espírito jovial.
Estaleiro de muitos navios,
Assim, paravam no porto,
Da literatura e política,
Acalentado pelo menino Afonso Arinos.
Lá sempre estava o pequeno grande,
No casarão de Belo Horizonte,
No seu quarto lastreado de retratos,
Como Voltaire, Beethoven com Eça de Queiroz.
Não havia outro encanto ao nino,
Fixando no albor de Gustave Eiffel,
A magia relampejada na certeza,
Da mais ilustrada obra existente.
O pequenino pisou seus pés,
Na terra onde tem a Torre Eiffel,
Constrangido, ele muito ficou,
Tristonho quase chorou.
Em saber que aquele homem doente,
Era um grande poeta amigo de seu pai,
Chamado Raimundo Correia,
Que se reclamava num leito de dores.
O menino se aproximou e ali sentou,
No beiral da cama de Raimundo Correia,
Entrou-lhe no espírito a grande dor,
De ver aquele poeta se acabar.
Sentiu na alma o jovem Afonso Arinos,
De ver Raimundo Correia agitado,
Na luta pela vida sem romantismo,
Tudo padecendo na realidade crua.
Assistiu com os olhos de criança,
Aquele grande magistrado,
De trio eloquente não se ouvia,
O professor e diplomata.
E os olhos avermelhados,
Transmitiam a comoção de Arinos,
Lançado naquela cama,
Ali se perdia o parnasianismo brasileiro.
O príncipe das Minas Gerais,
Observa as longas barbas,
Encobrindo toda sua face,
Do maior poeta da língua portuguesa.
Às manhãs, reservava um espaço,
Crescente como às vezes, a lua,
Fluorescente como sol,
Que todos os dias brilham.
Com suas calças curtas e bem gomado,
Foram diversas vezes na Cadeia Velha,
Tomou ciência de tudo em sua volta,
Refletindo no diagonal da excelência.
Ainda no colégio primário,
Da cidade de Belo Horizonte,
Conheceu Drummond de Andrade,
Chamado de menino travesso.
Na casa do Rio de Janeiro,
Na terra de São Sebastião,
Lá em Copacabana,
Ali também morou o príncipe das letras.
E nas noites literárias,
Ouvia sempre Fernando Sabino,
Lendo o seu primeiro livro de conto,
Calçado em botas sertanejas.
Jamais esqueceu os amigos,
Prado Kelly e Pedro Nava,
Com quem dividia discussões,
Nas salas de aulas o que incomodava.
Com as sintonias da paixão,
Não deixava de escrever,
As tempestades do pensamento,
De um pequeno mineiro.
Fecundava no Rio de Janeiro,
O brado acústico do jornalista,
Entre as flores do viver e sentir,
A reflexão da escrita em versos.
Agitava os dias cariocas,
O jornal de Assis Chateaubriand,
Aquele paraibano sorridente,
Que tinha a alma pernambucana.
Ao ver naquele jovem o espírito,
Descarregou com muito prazer,
As poesias naqueles diários,
De um futuro promissor que sonhava.
Destemido e tenaz foi mais longe,
Na parceria de Prudente Morais Neto,
Fundaram a Revista Estética,
Que foi um grande sucesso.
E na cidade de São Paulo,
Somou na representação,
De Sérgio Buarque de Holanda,
E lá saía uma galanteada edição.
Na Cidade Maravilhosa,
Buscou ali entre as montanhas,
Que rodeiam o Rio de Janeiro,
A sua presença mineira e carioca.
Estando na faculdade de direito,
Não tardou tão logo se formou,
Em triunfante e fausto advogado,
Com memórias infindáveis jurídicas.
No jornal Diário de Minas,
Teve impulso recantado,
Através do seu amigo poeta,
Carlos Drummond de Andrade.
Exercia a chefia com primazia,
Era um grande redator-chefe,
E tudo somou na luz mineira,
A participação de Afonso Arinos.
Buscou no ensino das letras,
Vislumbrando assuntos em Genebra,
Sobressai a valentia de um moço,
Ladeando no magistério superior.
Atribuindo assim sua sina,
Ao espírito iluminado brasileiro,
Versando loquaz na história do Brasil,
Sempre estudando o dia inteiro.
Congratulava-se no seu sangue,
Botões dourados de saber,
Frutos da herança família,
Com modéstia um grande mestre.
O desato dos ensinos,
Partiu-se em fronteiras,
Chegando a ministrar cursos,
De história do Brasil em Montevidéu.
Perlustrando a ciência brasileira,
Deu curso de história econômica,
E por demais política do Brasil,
Acostado do nosso país vizinho.
Perfilhou doces emoções de sabedoria,
Do amor ligado à sua terra,
Almejante de obras – primas,
Festejadas por todos os brasileiros.
Atravessando mares e oceanos,
Rumou para linda Paris,
E lá chegando ministrou curso,
Na Sorbonne sobre cultura brasileira.
Com prenúncio do Instituto Franco Brasileiro,
Afonso Arinos arraigou nos ares de Paris,
O Brasil verde e amarelo,
O que mais gostava de fazer.
Um amante eterno do Brasil,
Ladeado em todos os tempos,
Civilista já de natureza,
Grande homem do nosso Brasil.
Na América do sul,
Foi para a terra do tango,
Vocação íntima de falar,
Explorar na Faculdade de Letras.
Naquela Universidade de Buenos Aires,
Saltou-lhe o navegante das letras,
Inspiração do surgimento,
E vocação eterna de Arinos.
Deslocando suas aspirações,
Como representante do Ministério Público,
No torrão da Capital Mineira,
Desbravando os encantos jurídicos da profissão.
Seus intentos não paravam,
Sua existência era sempre uma estrela,
Desafiando a carreira de magistério,
No ano de mil novecentos e trinta e seis.
Provou aos olhos do povo,
Que este brasileiro mineiro,
Sombreava a voz da nação,
Colorindo o Brasil pelo mundo.
Estrelou no Instituto Rio Branco,
Com nomeação de professor,
Fez da história do Brasil,
E preparou vários diplomatas.
Afonso Arinos um símbolo,
Uma imagem do Brasil,
Catedrático de Direito Constitucional,
Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Uma das maiores revelações,
Da Universidade do Brasil,
Atualmente a famosa UFRJ,
Da cidade maravilhosa.
O vultoso homem de Minas,
Nos rebates da história colonial,
Dos enfeites imperialistas,
De tudo Arinos pontificava.
Mestre das letras mineiras,
Inegável histórico de vida,
Temente aos olhos de Deus,
Religiosamente cumpria sua fé.
Não descansou nos seus dias,
No sangue tremia a política,
Embebida pelos traços da família,
Desta forma fazia Afonso Arinos.
Desenhou o seu papel como estadista,
Também obteve total ventura,
Tão logo relampejou no tempo,
Em mil novecentos e quarenta e sete.
Foram três mandatos eleitorais,
Lá se vai o grande mineiro,
Para câmara como deputado federal,
Na Capital do nosso Brasil.
Enraizado em socorro,
Aos apelos de sua alma,
No contrate da política,
Marcando sua passagem.
Não parou, navegou mais, mais,
E já contava com três mandatos,
Político por natureza divina,
Açoitado pelas encostas da alma.
Defendeu de todas as maneiras,
A sua grande terra – Minas Gerais,
Estudando o território brasileiro,
Encheu divinamente de aspirações.
Na Câmara dos Deputados,
Era membro da Comissão,
De Constituição e Justiça,
Visando novos rumos políticos.
Refletia às vezes, incansavelmente,
O sistema injusto e lá defendia,
Mostrando o nosso parlamentar,
O que é ser um brasileiro.
Embelezou a mentalidade política,
Levando consigo lições nacionais,
Para uma mudança radical,
Em busca de soluções ao país.
Uma carreira política desgastante,
Marcado por lutas sociais,
Em constante batalha,
Na trajetória de sua vida.
Relampejou também na Comissão Mista,
De leis complementares da Câmara,
Relator exíguo da Comissão Especial,
Elaborando pareceres de Emenda Parlamentar,
Com intuito de fazer atualizações,
Para a nova Constituição do Brasil,
Muito trabalho realizou,
Em prol da sociedade brasileira.
Grande líder mineiro,
Da União Democrática Nacional,
O Brasil caminhava em espinhos,
Suculentos de tantos desejos.
É o pai da Lei Afonso Arinos,
Um dos trabalhos jurídicos,
Que levou seu nome,
Para todos os cantos do Brasil.
Senador de prestígio e fama,
Pelo Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal,
Desempenhou grandes papéis,
Na nossa República do Brasil.
Líder oposicionista do Governo,
Ali centrava suas ações,
Senador de prestígio e fama,
Desejando a autonomia do Distrito Federal.
Pelo Rio de Janeiro, ex Distrito Federal,
Desempenhou grandes papéis,
Na nossa República Federativa,
E na história desse país.
Líder oposicionista do Governo,
Ali centrava suas ações,
Desejando a autonomia do Distrito Federal,
Sobressaindo os mais férteis sentimentos.
Indignado com a situação dos brasileiros,
Ou de qualquer outra pessoa,
Pelos preconceitos sofridos,
Elaborou com muita primazia.
A história da discriminação racial,
Que sempre pisoteava a dignidade,
Ventilando nos horizontes da nação,
Inúmeras injustiças e desprezos.
Entendia o legislador mineiro,
Que só o homem era capaz de amar,
E reconhecer a verdade e a beleza,
Na igualdade de condição humana.
Sabia o culto Afonso Arinos,
Que povos das Minas Gerais sofriam,
Como várias partes da nação,
Entrelaçada pelos velhos costumes.
Além das misturas raciais,
Aglutinando na sociedade,
Criando perturbações e conflitos,
Na discriminação ideológica.
Nos estudos sociólogos, ele brilhava,
O único mineiro de Belo Horizonte,
Compreendia as lembranças,
Deixadas por séculos do povo mineiro.
Dos ternos de Congo e Moçambique,
O sangue da libertação dos escravos,
Dos poucos direitos dos negros,
Da sociedade racista.
Da compreensão humanística,
Sabia muito o ilustrado professor,
De toda a história do Brasil,
E no peito erguido algo tinha de acontecer.
Da colonização das terras,
Tiradas dos do poder dos índios,
Obrigados a laborar em vão,
Nas correntes e severos castigos.
Veio o negro africano em substituição,
Sem valor e resto de humano,
Preto, negro de pura negreja,
Retirados bruscamente de suas pátrias.
Vindo nos navios como um lixo,
Forçados a trabalharem na sorte,
Ora em minas e na casa do senhor,
Assim via o advogado brasileiro – Afonso Arinos.
Banido a escravatura restaram as raças,
Na extensão das misturas,
Observava o grande jurista mineiro,
Que a discriminação não poderia se perpetuar.
O internacionalista das Minas Gerais,
Ao sentir as diferenças na Europa,
E nos Estado Unidos da América,
Lutou por seu projeto até ser Lei.
Sentia o advogado e político,
A precisão de uma legislação futurista,
Em que as classes socialistas,
Efetivasse a dignidade do homem.
O coração do Deputado Federal,
Pulsou, palpitou forte quando viu,
Sancionada a sua lei que levou seu nome,
Para dentro da Constituição da República.
Em janeiro de cinquenta e oito,
As portas das letras do Brasil,
Abriam-se levemente os botões dos lírios,
Era Afonso Arinos na Academia de Letras.
Na ABL seu espadim ofuscava,
Sendo honrosamente o seu nome,
Levado nas alturas dos céus,
Pelo nobre Manuel Bandeira.
Triunfando para a cadeira n. 25,
Em sucessão de José Lins do Rego,
E sucedendo seus elogios literários,
Na ABL recebe Guimarães Rosa.
Seguindo sua trilha política,
Não quis ser reeleito, partiu do Senado,
Numa despedida de rios de discursos,
Em prol da reforma constitucional.
Sua memória ficou patenteada nos anais,
Tão logo, o deputado Pedro Aleixo da Câmara,
E o Senador Daniel Kieger a pedidos,
Aspiravam ter na Constituição do Brasil.
A inclusão desse artigo do político mineiro,
Capítulo – Declaração de direitos insertos,
Nas crescentes gerações dos povos,
Na igualdade dos direitos e deveres de cidadania.
Com muita ostentação,
Foi para o Governo Jânio Quadros,
Na pasta de Relações Exteriores,
Procedendo na política externa independente.
Não podemos jamais olvidar,
Que foi Afonso Arinos,
O primeiro chanceler brasileiro,
A visitar o continente Africano.
Nos aplausos do povo de Senegal,
Aventurado pelo Presidente Leopoldo Senghor,
Mostrou os verdadeiros passos,
Da nação política brasileira.
Explodiu no coração africano,
As sementes do povo brasileiro,
Com suas origens e irmandade,
Aflorada pelo Diplomata maior – O mineiro.
Em pouco tempo, aflorando sua pasta,
Foi chefe da Delegação do Brasil,
Frente as Nações Unidas,
Nas Assembleias Gerais.
O Estadista e Diplomata brasileiro,
Foi mais longe do que se pensava,
Levou o coração do Brasil,
Na conferência do Desarmamento em Genebra.
Cheio de nobreza e inteligência mineira,
Voltou a ser ministro das Relações Exteriores,
Impulsionado pelo amor à Pátria - mãe,
No governo parlamentarista de sessenta e três.
Afonso Arinos de Melo Franco,
Vestiu as páginas das derrotas e glórias,
Levando o Brasil ao mundo,
Demonstrando o que é ser brasileiro.
Como deputado e senador,
Proferiu centenas de discursos,
Que por obra às letras do pensamento,
Abrilhantava em todas as ocasiões.
Marcou sua história como orador oficial,
A sua pronúncia no Congresso Nacional,
Felicitando Charles de Gaulle,
Honrado Presidente da França.
Em outro discurso proferido,
Abrandou com sua voz vocativa,
Elogiando o Presidente da Itália,
Honorífico Giuseppe Saragat.
Assim, sentiu que o Brasil se faz brasileiro,
Levantou o estandarte verde amarelo,
A qualquer hora onde fosse preciso,
Historiou o Brasil nos seus valores.
É Afonso Arinos, o grande mineiro,
De oito milhões quinhentos e onze mil,
Novecentos e cinquenta e seis,
Quilômetros quadrados.
É nele que se reporta toda história,
Da prosperidade brasileira,
Em especial mineira de natureza,
Em modernidade a vida inteira.
Terra das transformações absolutas,
Desde a Abolição da Escravatura,
Até na Proclamação da República,
Espelhadas nas lições de grandes homens.
Da corrida ao ouro nascente,
É na boa terra de Afonso Arinos,
Que leva a famosa cidade - Bela Horizonte,
De aventuras para uma imensa memória.
Terra onde um mineiro,
Preparou um lugar certo,
Mais humano e bom de se viver,
Plantada nas lições dos heróis.
Tens a história mais romântica do Brasil,
Dos teus verdores nasceram várias estrelas,
A geração mais destacada,
De toda a literatura do Brasil.
Tens o grande Afonso Arinos,
Que seguiu a hierarquia da família,
Uma Arcádia de escritores,
Modernizadores do cenário nacional.
Nasceste na terra do Drummond,
Cyro dos Anjos, Luís Vaz,
Pedro Nava, Milton Campos,
Tantos homens que mudaram a literatura.
Tantos sacrifícios e glórias,
Até a semana da Arte moderna,
Centralizou o marco potencial,
Nas veias abertas do coração mineiro.
Que tanto tempo passou,
Aspirações tardias se envolviam,
Traçadas por questões adversas,
Repassando no brio do poeta.
Alicerçando seus conhecimentos,
Foi Secretário de Estado,
Do célere governo,
Revolucionário de Magalhães Pinto.
Autor do Manifesto dos Mineiros,
Germina a iniciativa de Afonso Arinos,
Na derrubada do Presidente,
Getúlio Vargas no ano de quarenta e três.
O deputado Federal Afonso Arinos,
Impulsionado pelas tensões,
Ao ato repugnante da Rua Tonelero,
Lança sua voz no Tribunal.
Mesmo sendo um líder,
E minoria na Câmara,
O Estadista não recuou,
Agitou o Congresso Nacional.
Era nove de agosto,
De mil novecentos e cinquenta e quatro,
Suas palavras espancavam a covardia,
A impunidade do crime.
O assassinato do Major da Aeronáutica,
Rubens Florentino Vaz,
Na Rua Tonelero no Rio de Janeiro,
Quando acompanhava Carlos Lacerda.
Carlos Lacerda jornalista,
E dono do Jornal Tribuna da Imprensa,
Era alvo de tiros,
Com sua morte arquitetada,
Lá, em frente à sua própria casa,
Sem ao menos saber de nada,
Jazia em sangue na calçada,
O corpo do Major da Aeronáutica.
Com o discurso proferido,
A crise político militar,
Já se agravou e ganhou espaço,
Por todo o Estado brasileiro.
O Deputado rasgou as palavras,
Contra o Governo Getúlio Vargas,
Desfilou naquela amplitude como:
“Patriarca do roubo no Brasil”
Revela naquele pronunciamento,
Com o suor derramando na face,
Braços agitados e nervosos,
Chamava o governo de “estuário da lama”
O mineiro desata os laços,
E faz a maior tribuna,
Agigantado por uma grande plateia,
Em favor do correligionário Carlos Lacerda.
Abertamente pronunciava,
A participação do Presidente Vargas,
No atentado de Carlos Lacerda,
Por membros da Guarda Presidencial.
Carlos Lacerda manifesta um Editorial,
Capaz de revolucionar as ideias,
Na Tribuna da Imprensa,
Único local de sua fortaleza gritante.
A força da União Democrática Nacional,
Do partido do deputado Afonso Arinos,
Ganhava forças junto à imprensa,
As forças militares na República do Galeão.
Arinos sentiu que algo teria que acontecer,
E seu correligionário não estava só,
Lacerda foi morar na base do Galeão,
E Café Filho rompe com o Presidente.
O deputado conhecia a coragem,
E por tais motivos o defendia,
Os ideais de Carlos Lacerda,
Que morreu sem ser anistiado.
A voz de Afonso Arinos bradava,
Clamava por todos os cantos,
Pedindo ao Presidente Vargas,
Que melhor seria renunciar.
Mais a renúncia não saiu,
Intitulado discurso o Presidente ouviu,
E no Palácio do Catete,
O Presidente Vargas, lá morreu.
Somente um tiro no coração,
O Presidente Getúlio Vargas,
Silenciou para sempre,
O seu derradeiro governo.
Uma lembrança amarga,
Distorcida em vários sentidos,
E o idealismo não parou,
Afonso Arinos por isso brigou.
Com a morte de Getúlio Vargas,
Os olhos do político e conferencista,
Vestia-se num mar de lágrimas,
Por trás de um sigilo na alma.
O professor da cátedra não aguentava,
As emoções de uma dinastia destruída,
Não pensava que Getúlio Vargas,
Fosse ao abismo da mais ingrata covardia.
Os soluços do crítico e ensaísta,
Revoltava as pulsações agonizantes,
Prantos preenchiam as pupilas,
E a mente do mestre escurecia.
Não sabia mais o que fazer,
Não queria mais falar,
Suas palavras tomaram um silencio,
Num vazio todo caótico.
O dia em que o Afonso Arinos chorou,
Não havia um lenço,
Para segurar as gotículas,
Daquele grande internacionalista.
Mas o povo brasileiro já sabia,
Que o atirador da Rua Tonelero,
Era um dos homens de confiança,
Do Presidente Getúlio Vargas,
Além das publicidades dos jornais,
Que Carlos Lacerda lançava,
Contra o Governo eram violentas,
Getúlio Vargas já não sabia mais governar.
Apunhalado por todos os lados,
Sem um minuto de descanso,
O governo se balançava,
Nas mãos de pessoas inescrupulosas.
As revoltas eram constantes,
E Vargas com os olhos entristecidos,
E não saber o que fazer,
Naquela hora mais apertada.
Penetrava seus olhos pelas frestas,
Rezava pra que tudo acabasse,
No desate que levou o seu nome,
Sem ter de nada participado.
E assim se foi o grande Getúlio Vargas,
Na escalada desenfreada,
De frutos que não brotou de sua mente,
E muito menos autorizou ou ordenou.
A matança do esquerdista Carlos Lacerda,
Que o povo logo lhe culpou,
Por ser o atirador o homem,
De confiança do seu governo.
As investigações foram à frente,
Em tal brevidade que se consumou,
Na descoberta e dos mandos,
Pra tirar o jornalista Carlos Lacerda.
Não foi o Presidente Getúlio Vargas,
Foi conspiração do seu governo,
Para fazer calar a voz,
Do grande jornalista carioca.
Meu mestre Afonso Arinos,
Revoltou-se contra tudo e todos,
Culpou-se no coração,
E por dentro das meditações.
Que a morte de Getúlio Vargas,
Fora ocasionado pelos fantásticos discursos,
Que proclamava nas tribunas,
Sendo ouvida por todos os brasileiros no rádio.
Taciturno após a morte do Presidente,
Retirou bravamente o discurso,
De seus documentos dos anais,
Da Câmara dos Deputados,
Em momento algum deixou a terra,
A montanhesa de Minas Gerais,
Seus frutos e suas árvores,
Do refúgio do longo saber,
Raízes de um grande passado.
Guerreiro de Minas Gerais,
Ouvinte de vários conselhos,
Em momentos talvez conturbados,
Jamais deixava de gostar de Minas.
Sua crítica era um brilhantismo,
Que lavava o espírito na alma,
Enxugado pela dor de mudanças,
Para um equilíbrio altivo.
Desfrutando os anos,
Entrou no bloco de oposição,
Do governo Juscelino Kubitschek,
Enfrentou barreiras e discussões.
Em defesa do patriotismo,
Que molhava o seu peito,
Não queria deixar o governo,
E nem parti sem o seu povo.
Elegeu novamente,
Em mil novecentos e cinquenta e oito,
Grande senador no Distrito Federal,
Deixando esse cargo em sessenta e seis.
A vida desse político e advogado,
Era um enlace de bravura,
Norteando em vários lugares,
Vicissitudes de um querer,
Outro governo logo chegou,
Afonso Arinos logo deixou,
O cargo de senador da República,
Pra ser ministro do exterior.
Nas artérias do Governo João Goulart,
Afonso Arinos move-se contra ele,
Apoiando o golpe militar,
No ano de sessenta e quatro.
Era o mês de agosto,
Daquele desgostoso ano,
Definia a Ditadura Militar no país,
Período de lenços pretos nos rostos.
A falta de democracia virava anarquia,
Os direitos constitucionais não existiam,
A busca pela censura e repressão,
Jorravam em múltiplas perseguições políticas.
O mestre Afonso Arinos,
De imediato repugnou,
Discordando do autoritarismo,
Como forma de impor e governar.
A crise política se alastrava,
Com a renúncia de Jânio Quadros,
Em plena época da guerra fria,
O povo temia o comunismo.
O partido da oposição a UDN e PSD,
Acusavam abertamente Jango,
Dos planos de golpe de esquerda,
E responsável direto pela crise.
Na gestão do governo Ernesto Geisel,
Colabora na sua gestão,
Projetando reformas no País,
E puramente constitucionais.
Cujo governo embargava lentamente,
Na transição da democracia,
Terminando por vez,
O fim do milagre econômico.
Germina a crise petrolífera,
A crise financeira desequilibra,
Os empréstimos diminuem,
Na acirrada crise de inflação.
Assim Geisel anuncia a abertura,
Daí a oposição ganha espaço,
E vários atentados são fatos reais,
A volta da democracia no Brasil.
Sua jazida de conhecimentos,
Jorrou na Tropicologia do Recife,
Na Universidade Federal de Pernambuco,
Presença vultosa nos anos setenta.
Memoráveis foram os instantes,
Que se perpetuaram para toda a vida,
O seminário da tropicologia de Recife,
Nos lírios da semente da ecologia.
Aquele brasileiro multiplicado,
Em todas as áreas de atividades,
Mestre das letras no conjunto,
Patriarca no gênio amplo.
Pertencia o Diplomata Afonso Arinos,
Uma das alas da intelectualidade,
Prudentemente em assuntos brasileiros,
Numa linguagem versada no seu culto.
Na labuta de homem público,
Este jurista e explanador de ideais,
Sabia traçar os sulcos dos problemas,
Como geográfico até no tropicalismo.
Uma envergadura que nasceu em Minas,
Conferencista de primeiro mundo,
Mostrando a realidade do seu país,
Na meta razão sociocultural.
O professor e ensaísta do Brasil,
Diplomata por cumprir,
A lealdade de seu pai,
Na dignidade de lutas e bravura.
Era também intitulado,
Na sociedade do Instituto Geográfico,
Imergido no Histórico do Brasil,
Em todas as dimensões do conhecimento.
No ano de setenta e seis,
O contentamento bate forte,
Na cordialidade firme do político mineiro,
A UFRJ concede o título de Professor Emérito.
Em toda a sua jornada literária,
Cumpriu fielmente com brilho,
Como Homens e temas do Brasil,
Consubstancia Reino e do Império.
Inúmeros trabalhos de estudos,
Aprofundados genuinamente na história,
Que se desdobrava com os seus conhecimentos,
E vasta pesquisa de estudos.
Galante na sua desenvoltura,
Lidada ao saber da verdade,
Realizou várias conferências,
A respeito do nosso Brasil
No Serviço do Patrimônio Histórico,
E Artístico Nacional com documentos,
Analisados e comprados com outros,
Dos quais foram maus estudados.
Como um grande causídico,
Consultor do Banco do Brasil,
É encarregado para escrever,
A história do Banco do Brasil.
Incompleta a obra,
É demitido por assinar,
O manifesto dos mineiros,
Decaindo o seu potencial literário.
O descrédito íntimo da alma,
Bailada nas incertezas das brisas,
Deixou de escrever por um período,
No Diário de Notícias.
As lembranças e os contra tempos,
Marcavam uma época literária,
A íntima vontade do poeta,
Escrever a memória do seu pai.
Cuja figura representava,
Os próprios passos de Afonso Arinos,
Nas letras dos três tempos sugerindo,
O título de “Um estadista republicano”
Não haverá jamais alguém,
Que descreva com precisão,
Os episódios da história contemporânea,
Sobressaindo como crítica da época.
No ramo do direito constitucional,
Enfatiza de modo claro e sereno,
A história do direito e o constitucionalismo,
Além da formação constitucional do Brasil.
Jamais Afonso Arinos se reportou,
Aos confins da historiografia,
Pois o seu espírito seguia,
Os documentos e a análise.
Há de compreender,
Que suas obras publicadas,
Contam com três biografias,
Nos anais da literatura brasileira.
Nos estudos de direitos,
Sobressaem seis sobre direito Constitucional,
Mais três assuntos econômicos,
E seis sobre a história do Brasil.
As obras literárias ganham espaços,
Em cinco críticas e duas de ensaio e crônica,
Das quatro memórias,
Segue duas de poesia e crônica poética.
Testando seus conhecimentos,
Da arte cênica faz uma de teatro,
E que mais admira despeja treze,
De assuntos políticos do Brasil.
Destaca os ensinamentos básicos,
Da estrutura dos problemas brasileiros,
Busca os anseios na sociologia,
Atravessando os elos da cultura.
O escritor, poeta, e crítico,
Lançava mão com entusiasmo,
Por ser um grande historiador,
Jurista por aclamação.
Nos traços da voz,
Não lhe faltava espaço fértil,
Em fazer memoriais,
Como também trabalhava em colaboração.
Passou a ser membro imortal,
Da academia Mineira de Letras,
Como sucessor de Juscelino Kubitschek,
Da real cadeira n. trinta e quatro.
Eleito Senador do Rio de Janeiro,
Abraçou a Comissão de Sistematização,
Da Assembleia Nacional Constituinte,
Deixou marcado e pontificado na história.
Foi membro árduo da advocacia,
E do Instituto dos Advogados Brasileiros,
Além de ser Eleito o Intelectual do ano,
De mil novecentos e setenta e três.
Com o Prêmio Juca Pato,
Da Sociedade Paulista de Escritores,
Destacou-se sua principal obra,
“Alma do tempo”
Um místico levantado,
Na tradição religiosa,
No respeito ao individuo,
Da confiabilidade e da lei.
Também recebeu o Prêmio,
Luíza Cláudio de Sousa,
Do Pen Clube do Brasil,
Na biografia de Rodrigues Alves.
É homenageado por duas vezes,
Ao grande Prêmio Jabuti,
Da Câmara do Livro de São Paulo,
Com a publicação de dois volumes.
Como homem político,
Teve notáveis papéis,
Na ação internacional,
Às vezes tropeçando sem ninguém ver.
E que por várias vezes o bom mineiro,
Realizou proezas em favor do Brasil,
Que jamais esqueceremos,
Que Afonso Arinos foi muito além.
Interagiu de imediato,
Contra a emancipação,
Das terras do Triangulo Mineiro,
Ressurgindo assim o impulso aclamado.
Juntamente com seus amigos,
Otto Lara Resende e Osvaldo França Junior,
Formaram a Comissão,
Contra a Emancipação do Triangulo.
No fogo da paixão pelo Brasil,
Era a sua maior admiração,
Saber da história do Brasil,
No Colégio Mello e Souza.
Com memórias e Alto-Mar Maralto,
E Amor a Roma,
São versões praticadas no espírito,
Desencadeadas de dentro da alma.
Guarda-se nestes versos,
Que só muito tarde,
O homem das letras de Minas,
Veio conquistar o seu berço sagrado.
Na Academia de Letras Mineira,
Já no fim de sua vida,
É simplesmente agraciado,
Como patrono de uma cadeira.
Um Afonso Arinos que sempre viveu,
Vestindo uma camisa,
Chamada de Brasil,
De nacionalismo ao civismo praticável.
Da maturidade relampejada,
Nos anais da consciência mineira,
Na formação de sua mocidade,
Elasticidade com muitas emoções.
Na crítica era um expert,
Com o que sempre fazia,
Espelho de três faces,
Com ideia e tempo.
No Mar de Sargaços,
Portulano, entre o Som do outro sino,
Desta forma se completava,
Um fausto observador modernista.
Não tardou nos morros do Rio de Janeiro,
Ostentado pelo Cristo Redentor,
Deixou o mar agitado,
Na bela Cidade Maravilhosa.
Desciam dos céus anjos brasileiros,
Na quarta semana do mês,
Numa segunda feira lastimosa,
O dia em que São Sebastião ordenou.
Uma legião planava de brancura,
O tempo fechou e ficou obscuro,
Era vinte e sete de agosto,
Daquele lúgubre ano de mil novecentos e noventa.
Antes da chegada dos anjos,
O espírito da diplomacia mineira,
Foi até as Minas Gerais,
Rever seus traços e perfis.
As árvores e montanhas sentiram,
O príncipe das letras do pensamento,
Ultrapassando os últimos momentos,
De uma despedida sem volta.
Os pássaros mineiros sobrevoaram,
Num gorjeio diferente,
As montanhas rolaram suas pedras,
O Triângulo Mineiro se rebatia.
Ali passava Afonso Arinos pelo centro da cidade,
Entre os arranha-céus de Belo Horizonte,
Modernista e repleta de arbustos,
Do verde encobrindo os seus olhos.
Penetrou aguçadamente nos anais,
Da Academia de Letras Mineira,
Sentou e abriu o Manifesto dos Mineiros,
Lembrou da liberdade deixada com seus companheiros.
Em cada passo do memorialista,
Percebia as máculas incolores,
Afincadas nos rincões da Arcádia Mineira,
Gotículas de quem não queria partir.
De todo um canto uma vida,
Ilustrada com sacrifícios,
De um republicano bom mineiro,
Professor da história do meu Brasil.
Soluçada em conflitos humanísticos,
Nos limites do ventre erigido,
Afonso Arinos olhava,
Por baixo dos óculos maciços.
A notícia ainda não tinha se espalhado,
Os jornais continuavam calmos,
Sem haver qualquer notícia,
E o povo mineiro ainda dormia.
No clarão por trás das montanhas,
Nascia mais uma vez
A cidade de Belo Horizonte,
E Afonso Arinos, ali se despedia.
Do nascimento renascido,
Vivido e contemplado,
Pisava no seu torrão abençoado,
Das minas e minerais assim dizia.
Ao despontar dos contrastes do Rio,
Sobrevoou a cidade maravilhosa,
De encantos e carnavais,
Das alegrias que faz majestosa.
Retornava num passo mágico,
Na terra de São Sebastião,
Onde o palco da república
Por várias vezes se explodia.
Chamou o Cristo Redentor:
-Venha cá Afonso Arinos.
-Tua luta não terminou.
-Sobes no meu corcovado.
Pela primeira vez de toda história,
O Cristo de braços abertos,
Numa única vez, abraçou,
Acolhendo o filho ilustre nos braços,
Estreitou ao peito e sorriu.
E disse:
-Vejas as tuas Minas Gerais.
-Bonita, moderna e feliz.
Emocionado e com os óculos nas mãos,
Afonso Arinos suplicou:
-Não abandones o meu povo.
-Não deixes a rebeldia e anarquia.
-Furar os olhos da nossa democracia.
Nosso Senhor Jesus Cristo, assim exclamou:
-Não olvidarei jamais Arinos,
-Eu sou brasileiro
-Estarei sempre de braços abertos.
-Nos teus cem anos de nascimento.
-Vou escolher um poeta.
-Pra versar em versos brancos pela primeira vez.
-Toda a tua vida em versos.
Em segundos o sol brilhou na cidade carioca,
AFONSO ARINOS DE MELO FRANCO,
Partia alegre e feliz,
Celebrando entre seus filhos
A linhagem dos caminhos,
Da vida do Brasil,
Mostrando como é ser brasileiro outra vez.
Foi-se uma história,
Em prantos e magoas no coração pátrio,
Acalentada por um brasileiro,
Afonso Arinos, um brasileiro verdadeiro.
Herói da Minas Gerais,
Que fez coisas que nem mesmo,
A história brasileira possui,
Um talento mineiro agraciado por Deus.
Brasil! Brasil! Brasil!
Salve este notável apaixonado,
Rei das Minas nas letras,
De tudo pelo Brasil o fez.