Minha ginga de Dandara
Como Dandara também lanço a minha ginga...
Querendo eu posso e vou vencer este embate...
Não vou pr'o rio encher o pote nem a moringa.
Pois sou guerreira e meu lugar é no combate.
Mesmo sendo uma mulher eu compro a briga.
Para proteger o meu "Quilombo dos Palmares".
Em Alagoas, na região lá da Serra da Barriga
Acolheu os pretos vindo de todos os lugares.
A minha luta é para garantir todo tipo de direito
De cada um viver a vida que bem lhe aprouver.
De não ser vítima de nenhum vil preconceito...
Principalmente quando esta é uma mulher...
Também sou preta e vou lutar minha "capoeira".
Pois tenho o espírito destemido de Dandara...
Como a bela esposa de Zumbi, sou "brasileira".
Sou "nordestina" e a minha luta é muito clara.
A minha bandeira é a Resistência da Cultura.
As minhas armas são o Amor e a Igualdade.
Se for preciso, combato a nova escravatura.
E o preconceito que impregna a sociedade...
Pego emprestado, da palmarina, a sua lisura.
Quando é preciso defender minha liberdade.
Deste penhasco lanço-me na fenda mais escura
Mas não admito que me roubem a dignidade.
Adriribeiro/@adri.poesias
Este poema é uma homenagem a Dandara dos Palmares, esposa do líder Zumbi que, junto com o marido, lutou para proteger o povo negro do Quilombo dos Palmares (antiga área da Capitania de Pernambuco, hoje pertencentes ao Estado de Alagoas) contra a sanha dos escravocratas. E não tendo como impedir de ser capturada preferiu se lançar num despenhadeiro à viver como escrava. Cometendo assim suicídio no dia 06 de Fevereiro de 1694.