Aconteceu num Natal...
Eu amo escrever sobre a Caatinga
E muitos dos meus textos
Falam sobre a mesma
Sempre que escrevo
Não tenho dúvidas que esses textos
Saem do coração da minha alma
E aqui no nordeste
Em tempo de Natal
Geralmente a Caatinga está seca
E nesse ano como quase sempre
Ela está adormecida
Para despertar nas primeiras chuvas
Mesmo seca e adormecida
Ela é belíssima
E no período de Natal
Eu fico muito sensível
Com esse estado da Caatinga
E penso que o nosso presépio
Deveria ser representado
Com esta realidade
E não com papai Noel
Muita neve
E uma carrada de presentes
Também tem as árvores e as flores
Que não são do nosso lugar
Pensando diferente do que se ver
Eu sou uma artista educadora
E posso fazer esse cenário
Da forma como eu quiser
E num Natal de anos atrás
Eu quis fazer um presépio
Representando as famílias negras
Então comecei a montar o cenário
Fiz a manjedoura
Vesti Jesus e o deitei nela
Ele era um lindo menino negro
Enquanto eu montava esse presépio
Um funcionário estava sempre me observando
Terminei o trabalho daquele dia
E no dia seguinte
Quando voltei para concluir
Não encontrei mais o menino Jesus
E o presépio estava todo bagunçado
Fiquei muito triste com aquela situação
Parei o trabalho
E na escola não teve mais presépio
Não demorou muito
Para uma funcionária me dizer
Quem era o autor daquele ato
Pois foi justamente o funcionário
Que estava me olhando
Ele tirou o menino jesus
E o fez desaparecer
Aí disse que eu era louca
E que não ia admitir um Jesus negro
Porque o filho de Deus
Jamais nasceria negro
Era branco de olhos verdes
E que sua família
Não podia ser negra
Fazendo isso
Eu estava cometendo um sacrilégio
E era louca varrida
A história termina
Com esse grande ato de preconceito
Que aconteceu numa escola
E a direção e nem ninguém se posicionou
Fiquei muito triste
Porque não pude ser eu mesma
E essa história me marcou muito...
xxx
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Natal, 24.12.2020
Esse presépio e foto é de minha autoria.
Eu amo escrever sobre a Caatinga
E muitos dos meus textos
Falam sobre a mesma
Sempre que escrevo
Não tenho dúvidas que esses textos
Saem do coração da minha alma
E aqui no nordeste
Em tempo de Natal
Geralmente a Caatinga está seca
E nesse ano como quase sempre
Ela está adormecida
Para despertar nas primeiras chuvas
Mesmo seca e adormecida
Ela é belíssima
E no período de Natal
Eu fico muito sensível
Com esse estado da Caatinga
E penso que o nosso presépio
Deveria ser representado
Com esta realidade
E não com papai Noel
Muita neve
E uma carrada de presentes
Também tem as árvores e as flores
Que não são do nosso lugar
Pensando diferente do que se ver
Eu sou uma artista educadora
E posso fazer esse cenário
Da forma como eu quiser
E num Natal de anos atrás
Eu quis fazer um presépio
Representando as famílias negras
Então comecei a montar o cenário
Fiz a manjedoura
Vesti Jesus e o deitei nela
Ele era um lindo menino negro
Enquanto eu montava esse presépio
Um funcionário estava sempre me observando
Terminei o trabalho daquele dia
E no dia seguinte
Quando voltei para concluir
Não encontrei mais o menino Jesus
E o presépio estava todo bagunçado
Fiquei muito triste com aquela situação
Parei o trabalho
E na escola não teve mais presépio
Não demorou muito
Para uma funcionária me dizer
Quem era o autor daquele ato
Pois foi justamente o funcionário
Que estava me olhando
Ele tirou o menino jesus
E o fez desaparecer
Aí disse que eu era louca
E que não ia admitir um Jesus negro
Porque o filho de Deus
Jamais nasceria negro
Era branco de olhos verdes
E que sua família
Não podia ser negra
Fazendo isso
Eu estava cometendo um sacrilégio
E era louca varrida
A história termina
Com esse grande ato de preconceito
Que aconteceu numa escola
E a direção e nem ninguém se posicionou
Fiquei muito triste
Porque não pude ser eu mesma
E essa história me marcou muito...
xxx
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Natal, 24.12.2020
Esse presépio e foto é de minha autoria.