100 ANOS DE CLARICE (1920 - 2020)

Especialmente hoje, dia 10 de dezembro, trago-lhes um poema escrito em homenagem ao centenário desta mulher, Clarice Lispector, que a mim mostrou como a linguagem pode ser uma leitura de alma, que as palavras podem tomar diferentes dimensões e significativos - mais ligados ao coração que aos dicionários -, transformando assim completamente a minha relação com a escrita. Sintam-se à vontade para celebrá-la comigo compartilhando a sua memória; aos meus olhos, nunca esteve tão presentemente viva.

100 ANOS DE CLARICE (1920 - 2020)

Retirante de terras distantes

Daqui fez cenário de epifanias

Da prosa, um jardim de rosas

Em espinho, vincos dilacerantes.

Seus laços, deixados ao salto de planos

Resistem à prova do tempo soberano

Palavras cruas e certeiras

Nunca em busca de certezas

Contra rios, inimiga do óbvio

A ela, rocha se torna pluma

Capitu ucraniana (nascida),

pernambucana (escolhida)

De olhar enigmático, penetrador

Transcendente narrador

Em chamas a mente lança

E magistralmente desnuda,

À luz de penumbras,

Cada sentimento que nos apossa.

Fotografias entre preto e branco

Como lavar-se de tamanho encanto...

Um século de seu advento

E como esplendorosa supernova

Sua estrela mostra não ter hora.

André Vaz de Campos Tourinho

2020 - Salvador, BA

André Vaz de Campos Tourinho
Enviado por André Vaz de Campos Tourinho em 10/12/2020
Reeditado em 10/12/2020
Código do texto: T7132673
Classificação de conteúdo: seguro