Prece à Fernando Pessoa

Valei-me! Ó deuses poéticos!

A vós eu faço essa prece.

Que faço Fernando Pessoa?

Não me deixe aqui à toa.

Por favor, me esclarece:

Como minha dor expressar,

Sem ter que confessar,

Que sou eu quem a padece?

Você que teve outras vidas,

Versificou em outras vozes,

Fragmentou-se em outros eus,

Vivendo encontros e adeuses,

E amores que também eram seus.

Quando pulsates em corações ferozes,

Foram estes suas guaridas?

Ou foram antes os teus algozes?

Socorre-me! Dá-me um alento!

Faz minhas preces deferidas.

Preciso aluir meu tormento,

Sem quebrar as minhas nozes,

Nem revelar minhas feridas.

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 19/09/2020
Reeditado em 20/09/2020
Código do texto: T7067474
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