Prece à Fernando Pessoa
Valei-me! Ó deuses poéticos!
A vós eu faço essa prece.
Que faço Fernando Pessoa?
Não me deixe aqui à toa.
Por favor, me esclarece:
Como minha dor expressar,
Sem ter que confessar,
Que sou eu quem a padece?
Você que teve outras vidas,
Versificou em outras vozes,
Fragmentou-se em outros eus,
Vivendo encontros e adeuses,
E amores que também eram seus.
Quando pulsates em corações ferozes,
Foram estes suas guaridas?
Ou foram antes os teus algozes?
Socorre-me! Dá-me um alento!
Faz minhas preces deferidas.
Preciso aluir meu tormento,
Sem quebrar as minhas nozes,
Nem revelar minhas feridas.
Adriribeiro/@adri.poesias