Drummond de Bronze
De Bronze o Drummond
Que foi ser Gauche na eternidade
Em estado de dicionário, só e mudo
O Carlos Drummond de Andrade!
Fizeram-no calado, sem expressão
Tudo que havia de ser escrito já estava
De ser sentido, de ser no coração
Poeta, fizeram-no superfície intacta
Poeta, teus olhos são lentes
Agora; para que queres óculos?
Tua visão, além das mentes
Onde vives agora são inócuos
Tens o dom de ser intocável
Vives no mundo da poesia
Sonhas já com o insondável
Imagino agora, que escreverias!
Se quando neste mundo;
Mesmo com pedras no meio do caminho
Fazia versos tão profundos
E agora que és como uma ave sem ninho?
Que poesias lindas
Escreves agora que és (éter)no
Queria ler estas linhas!
De puro sentido do que é tenro,
Do que é amor, do que é sagrado
E deixem que levem seus óculos
O poeta agora é só amor, amado
E vive vibrando nos crepúsculos
Sobre a obra
"Apenas 48 horas depois de ter recebido novos óculos, o adereço da estátua de Carlos Drummond de Andrade foi furtado novamente."
(Jornal O Globo).