Trinta e quatro
Esse poema poderia ser um drama
E de drama virar história
E de história virar um livro
Pra guardar minhas memórias
Eu poderia falar dos meus cabelos brancos
Ou das minhas marcas de expressão
Das dores físicas que às vezes sinto
Ou daquelas que acometem meu coração
Poderia lamentar o fato de envelhecer
Sobretudo em um ano tão anormal
Onde eu sinto que mal vivi
E terei que somar mais um ano ao final
Mas esse poema é um brinde
Feito com vinho do Porto
E seguido de um discurso emocionado
Causando um leve desconforto
É que eu preciso ser grata
Mesmo em meio a tanta incerteza
Pois um ciclo hoje se encerra
E nisso também há beleza
Pois onde se encerra um ciclo
Outro imediatamente se inicia
Sem pausa, sem ponto, sem vírgula
Pois com a vida não se negocia
Ela passa minuto a minuto
E os ciclos seguem seu curso
É na resiliência que desenvolvi
Que hoje apoio o meu discurso
Brindo os tropeços, não as pedras
Brindo o aprendizado, não a falha
Brindo minhas olheiras e não o choro
Brindo a simplicidade e não a migalha
Aos trinta e quatro eu entendo
Que o processo me leva a envelhecer
Mas nesse meio eu decido
Acima de tudo amadurecer
Dois mil e vinte foi escola
"Latu Sensu" da sobrevivência
E eu quero ao final de tudo
Poder exercer essa docência
De aprendiz à mestre
Final de ciclo, fui promovida
Sinto que muito posso ensinar
E mais ainda aprender com a vida
Que o novo ciclo se inicie
E renove todo meu ser
Ainda que pareça tudo incerto
Não me cabe nada além
De por tudo agradecer.
[tim tim!]