Dia do(a) Professor(a)
Senhor Jesus, hoje no calendário das datas comemorativas
Consta que é DIA DO(A) PROFESSOR(A)
Acordei cedinho, espreguicei-me e fiquei a pensar...
Entrei em sintonia contigo e agradeci
Pela dádiva de poder acordar para mais um dia de vida
Levantei-me, puxei a cortina e abri a janela
Senti um friozinho gostoso
Ao mesmo tempo em que o sol matinal
Aqueceu meu coração
Dei bom dia aos pássaros que vêm diariamente
Acordar-me ao som do seu canto
Acariciei com o olhar as plantas, moradoras do jardim
Ainda molhadas de orvalho
Senti a Tua grandeza ao contemplar o céu
Azul e límpido emoldurado
Pelo verde da natureza e da esperança
Após aconchegar-me em Teus braços
Para sentir-me fortalecida para a luta diária
Voltei a lembrar do tal dia do(a) professor(a)
E matutei com meus botões...
O que me levou a fazer essa escolha na vida?
Com tantas profissões a seguir
Tantos caminhos a trilhar
Eu quis seguir exatamente pelo mais difícil
Menos valorizado, embora mais cantado
Por políticos e governantes
Bem que eu poderia ser “doutora”!
Ganharia mais dinheiro, seria socialmente paparicada
Viveria nas colunas sociais dos jornais
E receberia todos os convites
Para os encontros das madames da sociedade
Como soaria bonito ouvir: Dra. Selma!
Ah! Senhor, mas esqueci só de um detalhezinho
Meus pais me ensinaram que mais importante
Que a aparência é a essência
E que nós somos aquilo que acreditamos
Agora compreendo porque escolhi ser Professora
Eu não seria feliz se não abraçasse uma profissão
Por amor, por convicção, por ideal
Talvez hoje eu devesse ter tudo
O que quisesse materialmente falando
Mas me faltaria o sentido da vida
Sinto-me tão bem, Senhor
Quando interajo com meus alunos em sala de aula
Quando os vejo instigados a pesquisar
Para descobrir coisas novas
Meu coração bate feliz
Se eles demonstram que aprenderam
Aquilo que os desafiei a buscar
Gosto de ouvi-los falar sobre seus sonhos
Seus desejos e suas necessidades
Sorrio quando percebo que posso
Indicar-lhes o caminho certo
Emociono-me quando recebo deles um olhar
De cumplicidade pedagógica
Conforta-me receber todos os abraços
Dados espontaneamente
Em sinal de reconhecimento
Mas nada impede, Senhor
Que mesmo amando minha profissão
Sentindo-me realizada ao vivenciá-la cotidianamente
Eu busque melhores salários
Para viver dignamente com minha família.
Se cruzarmos os braços jamais seremos valorizados
Porque não interessa aos governantes
De um país capitalista como o Brasil
Uma educação de qualidade
Educadores críticos e alunos cidadãos
Daí nasceu o pacto da mediocridade:
“Governo faz de conta que paga salários dignos
(Alguns) Professores fazem de conta que ensinam
Alunos fazem de conta que aprendem
E a sociedade faz de conta que está tudo bem”
Através da luta da categoria
Que precisa ser cada vez mais intensa
Poderemos pressionar o poder
A nos restituir o devido valor perdido um dia.
Mas enquanto tivermos colegas
Assinando o pacto da mediocridade
Perpetuando-se como dador de aula
Alienado, subserviente à classe dominante
Omitindo-se de buscar a transformação
Nenhuma Lei capaz de mudar radicalmente
Para melhor, claro, a atual situação
Será sancionada, de fato
Em prol da educação e dos educadores.
Professor é profissão
Não é missão.
Arcoverde, 15/10/2007
www.blog.xisclub.com.br/selma