Mãe
Um dia as dores do parto
Deslindou toda sua bravura
Rotulada por ser sexo frágil
Medido apenas por sua ternura.
A fragilidade mudou de nome
Aliás, em muitos se desdobrou
Pois ao gestar, parir e cuidar
Em rocha firme, mãe se transformou.
Não tem muitas sombras pelo caminho
Traçado para uma mãe percorrer
A dor do parto é só o início
Pequena amostra do que há de viver.
Mas ela faz parecer tão fácil
Mantendo aberto um sorriso no rosto
Em meio a dores, medos e cansaço
Não mostra tristeza tampouco desgosto.
E se tiver, está bem guardado
Cedendo espaço pra proteção
Tamanha a nobreza do sentimento
O filho é regra, a mãe, exceção.
Ser mãe é cargo intocável
É fardo pesado porém fagueiro
Dicotomia da mais inquestionável
A qual só confessa ao travesseiro.
O amor de mãe não se descreve
Não tem unidade que o meça
É abnegado, é altruísta
Sem argumento que disso a impeça.
Mas mãe sente dores profundas
Daquelas que rasgam a alma
Se algo ameaça a sua prole
Somente proteger a acalma.
É na madrugada que ela
Tira a armadura do ser
Cedendo às lágrimas e ao medo
Antes do amanhecer.
Mãe é coragem mas também teme
Mãe é luz mas também é apagão
Mãe tem saudade dela mesmo
Mas vive em total resignação.
É sabedoria, é paciência
É harmonia e dedicação
Há quem a enxergue armada em ferro
Mal sabem que ela é só coração!