é negra essa dor
É negra essa dor
À noite
A senzala chora seus mortos
Reza a alma encomendada
amaldiçoada de nascença
Na cor da melanina.
Povo relegado
À própria sorte
À própria morte.
De patrão surdo,
De realidade negada
No cercado em volta,
Deste matadouro,
Os seus grilhões.
Josés, Marias, tantos
anônimos de nome,
De faces desprezadas
Invisíveis aos olhos do reino
Condenados à senzala
velar seus mortos.
Espetáculo atroz,
Encenado no morro
Na rua
Na vila esquecida
Na cidade perdida.
Ainda hoje,
Senzalas.
Lu Genez, 20\04\18