é negra essa dor

É negra essa dor

À noite

A senzala chora seus mortos

Reza a alma encomendada

amaldiçoada de nascença

Na cor da melanina.

Povo relegado

À própria sorte

À própria morte.

De patrão surdo,

De realidade negada

No cercado em volta,

Deste matadouro,

Os seus grilhões.

Josés, Marias, tantos

anônimos de nome,

De faces desprezadas

Invisíveis aos olhos do reino

Condenados à senzala

velar seus mortos.

Espetáculo atroz,

Encenado no morro

Na rua

Na vila esquecida

Na cidade perdida.

Ainda hoje,

Senzalas.

Lu Genez, 20\04\18

Lu Genez
Enviado por Lu Genez em 22/12/2019
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