Mais uma poesia...
Três pontes murmuram cruzando o rio
Um só rio
Que corta minha cidade
Minha distante saudade
Minha terra grapiúna.
Cortada pelo rio Cachoeira
Que cheira ao progresso
E o progresso é destruir
O que a ternura antiga
Fez.
Avenidas largas, cheias, muitas conversas
Muitos assuntos
Muitos olhares de pessoas conhecidas
De pessoas que a gente nem gosta
Mas andam no mesmo caminho da gente.
Pescava-se naquele rio,
Roupas de doutores eram lavadas
Naquele rio.
Banhavam-se no Cachoeira
Que construiu histórias e lembranças
E ausências, e enchentes, e gente.
Minha terra grapiúna, santa e profana:
São José no altar-mor observando
Os afilhados nos becos e ruas foliando
Com seus bebedouros cevados.
Ah! Minha cidade amante e amada e saudada
Que se chamam Tabocas una Itabuna.
Onde estão as pedras pretas nos fundos do rio?
Nas páginas dos poetas e contistas apaixonados
Por esta terra germinadora do ouro – cacau?
Na memória rasgada da poeira histórica
E abibliotecada de meu tempo e do tempo
Da antiga estrada de ferro onde a Maria – Fumaça
Levava e trazia tudo e todos...
Estou a chorar. Coração apertado.
Saudade do aroma delicioso do chocolate
Nas madrugadas que incendeia esta terra amada.