Olhei a Janela
Belém, 16 de março de 2019
Ei você!
O da carteira quebrada
Ei tu aí!
A da sandália gastada
Ó você!
Que aqui chegou molhada
Ei rapá!
Dessa barriga brocada
Ei Psiu!
Que defendeu sua tese!
Ei me olha!
Com TCC e prece
Eu disse que essa dissertação saía
parto de ideias parida
movida a pipoca Pantera
Olha a janela
Ei tu!
Tá sem dinheiro pro almoço?
Ei você!
tanta olheira seu moço?
Ei mulher!
dor de cabeça e no osso?
Psite!
Sem açaí do grosso?
Ei você!
Que andas até insosso
Eii Tu!
Que pegou o diploma!
Ei você!
Que seus pais orgulha!
Eu disse que teu olhar lembrava
herói ou heroína que saíram do nada
movidos a bombom de sonho
Olhai a janela
Ei você!
Que borrou o caderno
Ei Psiu!!
Que te será eterno
O carinho dos teus afagou o choro
pranto plantado para regar a árvore
sábia cujas folhas agora balançam ao vento
Olhai a janela...