SALVE O VINHO!

Eis o vinho!

Eis a chuva!

Roxa é a uva;

Branco, o linho.

Desejo o ninho

Dos ovos de ouro!

Eis, então, o tesouro,

Botija do meu pinho.

Do vinho, bebo;

Do tesouro, gasto.

Bem-vindo ao pasto,

Aqui tudo é sebo.

Quero meu gole

Do branco ou tinto;

É que estou faminto

Do vinho que me engole...

Salve a videira dos anos!

O vinho é meu mestre;

Nele me afogo, pedestre

Do tempo e dos danos...

Eis o vinho, ainda!

Sabor dos parreirais;

Cambaleio, mas vou atrás

Dessa bebida assaz linda!

Dionísio me despertou

Através das doses da vida;

Agora já não há mais saída,

Beber que beber: vinho, amor!

À cata da noite estrelada,

Dá-se com o vinho a tiracolo;

E, para a festa, convido Apolo

A brindar dos deuses à sua fada!

DE Ivan de Oliveira Melo

ESTE POEMA É UM DITIRAMBO.

Na Grécia Antiga, poema dionisíaco.

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 07/02/2019
Código do texto: T6568910
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