LINDA COR
O rufar dos tambores acordam em mim
Gemidos calados de um tempo sem fim
Chiam ferros na brasa, correntes e argolas
Senzalas que ainda batem portões.
Liberdade p'ra que, se não tinha aonde ir?
Não sabia de uma só razão p'ra sorrir.
Sou hoje meu próprio anjo, meu rumo, meu forte escudo.
Tenho a cor da mata densa em uma noite sem lua
Sou Dandara dos Palmares no banho de rio tão nua
Como a tristeza que invade e na lágrima flutua!
Quando a injustiça sem pejo me rouba o sono e a calma
Remos ainda batem nágua do navio negreiro d'alma!
Sou negra, sou resistência, indomável como a onça, pura como criança.
Tenho sangue quilombola, levanto cedo, me enfeito
Não quero fazer chapinha, sou negra, sou linda cor
Meu cabelo crespo atesta por mim mesma meu amor!
Minha homenagem ao Dia da Consciência Negra
Elaine Maria Goulart Nunes