Espessura
Há quanto tempo a memória da carne
nos trouxe, magoados, ao espanto?
Havia em ti céu e era limpo
havia tempo por medir,
havia na tua boca, Úlpia, recado intenso.
Quando o monte abriu
e das goelas ignaras da terra escorreu fogo
toda a semente que dormia
à espera de vez se viu, estéril e eterna,
presa porque nenhum campo restou depois das cinzas
porque nenhum corpo se derramou.
E também tu, gentil Víbia, livre que foste,
enches de aroma o vaso que te detém a forma
à espera da rouca voz do mundo
que por Deus ainda clama.
Vesúvio deu ferozes os ares, a pedra e a chama.
Caíste, Pompeia, sem saber que caías
no ardor, na ausência, na eternidade tosca.