Ser criança é alimentar sonhos
Ser criança é alimentar sonhos
Em mim existe ainda aquela criança
De vestidos de bolsos, calções nos joelhos
Bolinhas de gude, pega-vareta, dominó
Criança de dentes felizes a escancarar o mundo
Pés descalços e pintados de vida.
São saudades guardadas e abertas
Que me serenam a cada dia
Nas mais profundas reentrâncias de mim
Que me acompanham em sonhos
Em imagens vívidas e perspicazes.
Em mim existe ainda aquela criança
Que pedia benção
Que explorava os quintais
Que subia em pés de fruta
Que se banhava em lajedos
Que chegava encharcado da chuva
Que chutava a enxurrada
E guardava segredos.
Em mim eu não deixo morrer
A criança que fui e que em mim ainda mora
Nos deitamos juntos nas noites saudosas
E vamos tecendo nossas teias
Emaranhando nossas lembranças
Continuaremos alimentando os sonhos
Ainda que o “calejar de ser adulto” nos assombre.
Sigo assim com meus anjos crianças
Alimentando a fantástica fantasia da infância.
Marina Barreiros