Trajetória de um Mestre

A sala à minha frente,

eu, ali de repente, gelado a começar.

Num golpe arredio, num levantar

No quadro negro e branco de giz,

fixo os olhos ainda inconstante,

Nos cadernos abertos, meus estudantes,

Vejo minha plateia, num trocar ideia

daquela estreia de amor e amantes.

Não ensino pelo que ganho apenas,

mas, pela finalidade traçada

de ver estampado em minhas crianças

a esperança de uma jornada.

De guerras e conquistas, desafios e greves.

De honorários desrespeitosos.

Esqueço toda problemática com o livro aberto,

da criança, o sorriso esperto dos mais valorosos

No caminho escolhido, à devoção.

O cursos, simpósios e capacitação,

as palestras a reciclagem e aprimoramento,

tudo em nome de uma construção.

Assim as crianças escapam entre os dedos,

Mostrando os segredos numa nova profissão.

Vou formando num ciclo continuo

Vendo o menino virar ancião.

Já na velhice, cansado!

O quadro e o giz ainda a meu lado

Fiel diplomado, não abandono a intenção.

Sonho acordado em ser valorizado;

de face enrugada, e atenuante

Ando, agora constante, na reflexão.

Valeu apena os esforços, o período caminhado,

da semente lançada em cada momento.

Do fruto colhido ainda no tempo

de lhe agradecer em meu pensamento.

Paulo Sergio Barbosa
Enviado por Paulo Sergio Barbosa em 04/07/2018
Reeditado em 07/07/2018
Código do texto: T6381795
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