Trajetória de um Mestre
A sala à minha frente,
eu, ali de repente, gelado a começar.
Num golpe arredio, num levantar
No quadro negro e branco de giz,
fixo os olhos ainda inconstante,
Nos cadernos abertos, meus estudantes,
Vejo minha plateia, num trocar ideia
daquela estreia de amor e amantes.
Não ensino pelo que ganho apenas,
mas, pela finalidade traçada
de ver estampado em minhas crianças
a esperança de uma jornada.
De guerras e conquistas, desafios e greves.
De honorários desrespeitosos.
Esqueço toda problemática com o livro aberto,
da criança, o sorriso esperto dos mais valorosos
No caminho escolhido, à devoção.
O cursos, simpósios e capacitação,
as palestras a reciclagem e aprimoramento,
tudo em nome de uma construção.
Assim as crianças escapam entre os dedos,
Mostrando os segredos numa nova profissão.
Vou formando num ciclo continuo
Vendo o menino virar ancião.
Já na velhice, cansado!
O quadro e o giz ainda a meu lado
Fiel diplomado, não abandono a intenção.
Sonho acordado em ser valorizado;
de face enrugada, e atenuante
Ando, agora constante, na reflexão.
Valeu apena os esforços, o período caminhado,
da semente lançada em cada momento.
Do fruto colhido ainda no tempo
de lhe agradecer em meu pensamento.