FESTA DE PÃO, VINHO E ESPERANÇA

FESTA DE VINHO, PÃO E ESPERANÇA

Miguel Lucena

I

Quando do meu nascimento,

Na serra deu um trovão,

O povo viu um clarão

Nos longes do firmamento;

Minha casa não tinha cimento,

Nasceu uma flor no chão;

Minha mãe beijou minha mão,

Zé Birrim fez uma seresta

E meu pai deu uma festa

De sanfona, vinho e pão!

II

No dia do meu nascimento,

O galo cantou mais cedo,

Eu tive um pouco de medo

De vir ao mundo cruento,

Minha mãe viu se rebento,

Trazido pela cegonha,

Me envolveu com jeito em fronha

De amor eterno e infindo

E disse: “Este, além de lindo,

Nunca me fará vergonha!”.

III

Não venho fazer discurso,

Apenas agradecer

Aos meus amigos diletos

Que fazem a vida valer,

O bem sem olhar a quem

E lutam para vencer!

IV

A Zezé e a Luquita

Por me apoiar na jornada,

Nas batalhas que travamos,

Dia, noite e madrugadas,

Ao meu neto que me alegra

Somente com uma risada.

V

Aos que alimentam sonhos,

Que não cedem às tentações,

Carregam a nossa palavra

Dentro de seus corações

E levam adiante a luta

Dos tostões contra os milhões.

VI

Nossa luta é independente,

Firme, forte e verdadeira,

Somos Corrente do Bem,

Não estamos de brincadeira

E já vemos por aí

Tremular nossa bandeira.

VII

Em defesa das crianças,

Diz a Corrente do Bem:

Mãe e pai não troquem o filho

Por nada nem por ninguém;

Creche a todas as crianças,

Educação integral,

Segurança, xô bandido,

Combatemos todo o mal!

VIII

Apesar da depressão,

Trazida pela esperteza;

Da politicagem suja,

Repleta de safadeza,

Fazemos hoje uma festa

Rodeada de beleza.

IX

Declaro-me para Brasília,

Contemplo todo o seu brilho,

Canto com todas as bandas

O verso do estribilho,

Ando no Eixão dizendo:

“Brasília, eis aqui seu filho”.

X

Não tem dinheiro na bolsa,

Não há propina na meia

Que possa encobrir o sol

Cheio de luz que te clareia,

E não há um corajoso

Para te chamar de feia.

XI

Tuas largas avenidas,

Tua imensa vastidão

Nos faz como JK

Contemplar a imensidão

E sentir pelo cerrado

O futuro da Nação.

XII

Foi aqui que os operários,

Batalhando pelo pão

(Cimento, pedra e tijolo),

Levantaram a construção,

Com uma lágrima de saudade

E muitos calos nas mãos.

XIII

Gente de todos rincões,

Do sertão e da ribeira,

Gente do bolso furado

Ou repleta a algibeira,

Construiu um monumento

Que é a alma brasileira.

XIV

Do sonho de São Dom Bosco,

A quem Deus deu a resposta;

Dos traços de Niemeyer,

Do gênio de Lúcio Costa,

Da força dos operários,

A fé ganhou a aposta.

XV

Brasília é para quem gosta

De ter o céu como mar

E transformar em sua praia

O Lago Paranoá,

Saber que a fé que ergueu

Não vai deixar derrubar.

XVI

Nunca vai desmoronar

O sonho de uma geração

Visionária, independente,

Que pensa grande a Nação.

E, mesmo que falhe a mente,

Não faltará coração.

XVII

Terra de grandes artistas,

Do progresso e da bonança,

De sonhos e de conquistas,

Que vão ficar na lembrança,

Brasília é fibra e é luta,

Capital da esperança!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 04/03/2018
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