Nascer, Sempre Nascer!
Essa barriga tão grande
Como uma montanha pelada
Crescida com morte certa
Com previsão já marcada.
Surge do seu interior
Preenche todo o abdômen
Com o pensamento constante
Será mulher, será homem?
Mas a tecnologia
Também veio a Medicina
E acabou com a surpresa
Todos sabem que é menina.
O feto já é bem formado
Quer sair do paraíso
Deixar o leito sagrado
E espalhar o seu sorriso.
No ventre esteve preso
Mas sente agora prazer
De receber a missão
Nascer, crescer e viver.
E chega o dia esperado
Pela mamãe que a adora
Antes de ver a carinha
De alegria ela chora.
E a resistência é luta
Vai nascer, não vai morrer
É chegado o mês de agosto
Não desiste de nascer.
Os pezinhos que não param
Chutam num campo sagrado
É seu espaço de glória
O útero bem alagado.
A cabecinha se encaixa
E desce o corpo delgado
Rasga paredes que o prendem
Rompe num choro arrastado.
Depois o mundo cá fora
Assusta o pequeno ser
O choro se faz mais forte
É o trauma do nascer.
O mistério dessa hora
Para a mamãe que já sofreu
Reveste-se de luz e glória
Pois um anjinho nasceu.
Nascer, é sempre nascer
O mandamento cristão
Que se transforma em milagre
Trazendo à terra um irmão.
Nascer, nascer depressa...
O mundo quer alegria
No rosto da mãe, do pai
Que vivem sua utopia.
Nascer, é sempre nascer
Abortar é crime vil
Ninguém mata um bom desejo
Nem a vida que surgiu.
Poesia inspirada pela vinda ao mundo
de minha netinha Fernanda, em 14 de agosto de 2007.