MULHERES QUE ESCREVEM
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil
Mulheres que escrevem... Com a alma!
Expõem seus anseios e sentem a calma
Por terem evadido delas tantos traumas
Com o tempo as suas alegrias restauram.
Mulheres que escrevem... Com o coração!
Liberando então limpidamente a comoção
Elevam-se em desejos, ânsias e solidões
Traduzindo em vivência as suas emoções.
Mulheres que escrevem... Com a mente!
O que às vezes os corações desmentem
Outras revelam uma emoção diferente.
Daquelas que, na realidade elas sentem.
Mulheres que escrevem... Com o olhar!
E por ele às vezes se deixam acompanhar
Olhares de alegria, tristezas tentam captar.
Daquilo que as cerca tentando lhes ameaçar.
Mulheres que escrevem... Suas histórias!
Tantos momentos de muitas lutas inglórias
Mas outras vezes persistem nas memórias
Experiências transformando-as em glórias.
Mulheres que escrevem... Na opressão!
Sentem na pele a dor da discriminação
E ainda assim transtornadas pela aflição
Tiram delas para suas vidas uma útil lição.
Mulheres que escrevem... Com a lua!
Tirando-lhe um pouco da luminosidade
Escrevem na história, a realidade nua e crua
Reafirmando constantemente suas identidades.
Mulheres que escrevem... Com as estrelas!
Tecendo com seus brilhos as suas defesas
E com o encantamento pela sua singeleza
Transformam as suas vidas numa fortaleza.
Mulheres que escrevem... Com sabedoria!
Apesar de alimentarem suas fantasias
Como uma mistura de magia e utopia
E mesmo na realidade vivem a alegoria.
Mulheres que escrevem... Com pena de ouro!
Verdadeiras tecelãs dos mais belos tesouros
Conseguem transformar na mais fina renda
O legado que aos seus passará como prenda.
Mulheres que escrevem... Com autenticidade!
O que lhes chega à inspiração... A Felicidade!
Transportam para o papel a responsabilidade
Que lhe impõem, mesmo com sua fragilidade.
Mulheres que escrevem... Com suas vidas!
Através das inúmeras experiências vividas
Ainda que com todas as decepções sofridas
Transcendem o entendimento de suas lidas.
Mulheres que escrevem... Com as mãos!
As mesmas mãos que afagam os irmãos
Que ora sofrem por viverem na solidão
Outras vezes, por faltar na mesa o pão.