SESSENTA E SETE
Feito corvo faceiro
Tenho voado pelos ares
Deste céu azul celeste,
Passei poucas e boas
Neste chão agreste;
Nas andanças
Cometi deslizes,
muitos deslizes
Mas enfrentei chuvas, raios,
ventos, tempestades,
e sob a luz da lua,
rezei o certo e o incerto,
cantei em palcos estranhos,
sozinho chorei dias frios
e noites ardentes,
mas com a verve da teimosia
engastada em meu peito
segui, esbarrei, confundi,
virei esquinas, vadiei ruas,
senti dores e amores
beijei bocas perdidas
tão perdidas como eu,
acariciei corpos insanos
de damas e putas,
dei meu abraço
à apenados, doutores
e sofredores,
da vida vi quase tudo
não vi o cristo da televisão
nem o diabo do circo,
plantei raízes aqui,
pincelei este mundo
de muitos matizes,
escrevi no caderno
eterno da vida, poetei
fiz história, sou historia
e se às vezes perdi...
Em sessenta e sete tentações,
era porque não deveria achar.
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“Serei o vencedor
ainda que chore por dentro
a minha dor”
Escrito em 07/02/17