“Quero ir pra Maringá, pescar no Rio Paraná”

Sonho de todo atleta,

estar nas Olimpíadas

ainda mais em Atenas

berço dessa tradição:

foi Vanderlei Cordeiro

apenas um brasileiro!

Por mais emblemático

nosso atleta em vista

buscava a conquista

na nobre maratona.

Mas o sonho d’ouro

escapou no agouro.

Um tal padre irlandês

mestre em artimanhas

interrompeu o atleta

atrapalhando a meta.

E lá se vão doze anos

desse mudar de planos...

Mas Vanderlei resoluto

mesmo estando abalado

deixou a raiva de lado

e manteve seu sorriso.

Foi transpor sua muralha

a buscar sua medalha.

E o registro da história

de façanha tão notória

viu-se de arquibancada

cruzar linha de chegada:

aquele atleta aguerrido

tinha o bronze garantido.

Mal sabia o Vanderlei

que aquele setembro

o tornaria um membro

de algo que é de lei

ao vencer o seu Satã

co’a Barão de Coubertin.

Mas essa honraria olímpica

desse espírito lustroso

não foi o mais marcante

momento seu apetitoso:

a vida tinha como tesouro

um momento seu de ouro.

Na Olimpíada em seu país

- Cerimônia de Abertura -

a pira olímpica se inflama

com a chama do Vanderlei.

E o ex-boia fria, feliz,

sentado em cadeira, diz:

Agora, a pira já acesa,

o meu ouro pessoal

do peito amargo, o mal

não me torna mais presa:

“quero ir pra Maringá,

pescar no Rio Paraná.”