Meus Quarenta Anos

Oh! Que saudades que tenho

Dos sonhos de minha vida

Minha juventude querida

Que já se foi. Não volta mais.

Que calor, beleza, quimera.

Naquelas tardes serenas

Naquelas noites morenas

Nas manhãs de primavera.

Eram tão belos aqueles dias!

Porque podia sonhar

Pela frente, o futuro.

O presente, um quintal sem muro,

E o mundo para transformar.

Que noites, que sonhos, que vida!

Tudo em plena sintonia

Juventude, paz e carinho.

Muito amor, e alegria.

Depois os sonhos se transformaram

Conheci a dor e o pecado,

A lágrima, a raiva, o ciúme,

E o amor de um só homem.

Noites sem sono, abandono!

E um corpinho para afagar

Muita carência na vida

Muitas fraldas para lavar.

Muitas noites mal dormidas

Muitos dias mal vividos

Poucas horas para sonhar.

Filhos para educar

Amar, guiar, amar.

Agora, já cresceram.

Deixaram-me e partiram

Solidão...

Chorar, amar, chorar.

Mãe não devia sofrer

Ou os filhos não devessem crescer?

Oh! Que saudades que tenho

Dos sonhos de minha vida

Da minha juventude querida

Dos dias mal vividos

Das noites mal dormidas

Dos ciúmes do marido.

Quarenta anos! Que engraçado!

Talvez hoje, finalmente.

Comece mesmo a minha vida...

Inspirado no poema "Meus Oito Anos", de Casimiro de Abreu. Foi publicado no meu primeiro livro, Retratos de uma Vida.

Apenas Maria

APENAS MARIA
Enviado por APENAS MARIA em 05/06/2016
Código do texto: T5658361
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