Meus Quarenta Anos
Oh! Que saudades que tenho
Dos sonhos de minha vida
Minha juventude querida
Que já se foi. Não volta mais.
Que calor, beleza, quimera.
Naquelas tardes serenas
Naquelas noites morenas
Nas manhãs de primavera.
Eram tão belos aqueles dias!
Porque podia sonhar
Pela frente, o futuro.
O presente, um quintal sem muro,
E o mundo para transformar.
Que noites, que sonhos, que vida!
Tudo em plena sintonia
Juventude, paz e carinho.
Muito amor, e alegria.
Depois os sonhos se transformaram
Conheci a dor e o pecado,
A lágrima, a raiva, o ciúme,
E o amor de um só homem.
Noites sem sono, abandono!
E um corpinho para afagar
Muita carência na vida
Muitas fraldas para lavar.
Muitas noites mal dormidas
Muitos dias mal vividos
Poucas horas para sonhar.
Filhos para educar
Amar, guiar, amar.
Agora, já cresceram.
Deixaram-me e partiram
Solidão...
Chorar, amar, chorar.
Mãe não devia sofrer
Ou os filhos não devessem crescer?
Oh! Que saudades que tenho
Dos sonhos de minha vida
Da minha juventude querida
Dos dias mal vividos
Das noites mal dormidas
Dos ciúmes do marido.
Quarenta anos! Que engraçado!
Talvez hoje, finalmente.
Comece mesmo a minha vida...
Inspirado no poema "Meus Oito Anos", de Casimiro de Abreu. Foi publicado no meu primeiro livro, Retratos de uma Vida.
Apenas Maria