Coração de mulher (reeditado)

CORAÇÃO DE MULHER

Ao mirar-se no espelho da existência

A mulher não tem dele consciência

Nem com toda sua experiência

Nem com todo o saber da ciência.

Não se assombre, está difícil encontrar.

Ele vive escondido meio camuflado

Absorve a cor do meio em seu estado,

Pisado, amarrado, humilhado, revoltado,

Ainda assim batendo desencontrado

Ele vai exercendo sua função

Independente, anônimo, desenfreado.

A mulher e seu pobre coração.

Sempre tem um pequeno cantinho

Para agasalhar um simples filhinho

Ou um perdido bichinho

Qualquer ser carente de carinho

Quando as guerras consomem vidas

E o fantasma negro da fome

Entorta os lábios já sem nome

E mãos cansadas da dura partida

Choram lágrimas na despedida

Lá está ele calado a suportar

Tantas dores, tantas amargas feridas.

Bálsamo ao longo de nossa vida

Empresta-nos a cor no cinza do caos

Abriga-nos do ódio dos maus

Com a força de seu indestrutível tecido

Liberta-nos com sua razão além do destino

Se todas as mulheres soubessem

Que guardam no peito este tesouro

Mais valoroso que o próprio ouro

Se dúvidas não as tivessem...

Não lhe importariam jamais,

As formas que o espelho devolve

Através da ilusão existe muito mais

Quando o profundo se revolve.

Nos montes de tristeza e dor

Renasce a semente do amor

Nesta gleba mista quase sem cor

Nasce a divina flor do amor.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 08/03/2016
Código do texto: T5567100
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