SESSENTA

Se senta!

Me assento nos sessenta,

Aqui eu tomo assento

Vem vindo novo alento

Que a chama reacende

Quem sabe, pro alto ascende,

Trazendo um outro ritmo

Estabelecendo o istmo

Entre o velho e o novo

Elaborando o ovo

Que a esperança eclode

E mostra que se pode

Trabalhar para a vida

Ser suave avenida

Pra trilhar sem pressa

Por fora da via expressa

Melhor a trilha estradeira

Que termine em cachoeira

Em canto de passarinho

Ou sorriso de netinho.

Me sinto...

Quero tudo sucinto

Que o triste não me entristeça

Que tenha saúde na cabeça

Que os pesos não me pesem

Antes disso, que me levem

Ao lugar do coração

Onde mora a aceitação

Da vida e seus movimentos

De que os caminhos dos ventos

Seguem o seu natural

E nunca me fazem mal

Se deles me torno amigo

Vejo seu rumo e sigo

Com nenhuma resistência

Feliz e com persistência

Fazendo semeaduras

De estações menos duras

Mesmo que não veja a colheita

Virão frutos, quem aceita?

Fico atento

Ponho todo meu intento

Pra ver dentro da alma

Onde ela guarda a calma

Que o mundo louco esconde

Procuro a fruta-de-conde

Do quintal da minha avó

Que o tempo levou sem dó

E aquele poço profundo

Talvez ele guarde no fundo

O silêncio prazenteiro

Que do pensamento é companheiro

Na busca da harmonia

De que, sem saber, eu corria

Pensando que aproveitava

O melhor que a vida dava

Darei paz como oferenda

Sem qualquer valor de venda

A quem pela vida corre

E não vê que ela escorre.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 23/09/2015
Reeditado em 30/09/2015
Código do texto: T5391566
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