Atenas
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Atenas
Quem pede a palavra...
O homem escondido
por detrás da balaclava?
Quem pede a palavra...
O arauto palaciano
que se esmera nas gentilezas?
Quem pediria a palavra...
A mulher recém liberta
cheia de sufocados gritos?
Quem pediria a palavra...
O estrangeiro expatriado
de ininteligível expressão?
Quem pedirá a palavra...
O escravo sem grilhões
que rememora extintos hábitos?
Quem pedirá a palavra...
A prostituta enriquecida
que não mais se prosta ao varão?
Quem tem o direito de pedir,
teria o direiro de ir e vir?
Terá, por ventura, o que pedir?
Abro mão da dissimulada isegoria.
Sou tacanho cidadão, em agonia,
implorando o direito ao meu silêncio.
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 14 de setembro de 2015.
20h10min
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