ELAS SÃO MAIS DE 70% DE NÓS...
Águas das minas, que brotam silentes
Som de brandura, com gosto inocente...
Incandescentes porfiam à procura
Quando lhes toca uma luz matutina
Rasgam um véu se a manhã descortina,
Seguem em frente, um regato à lonjura...
Seguem nas palmas da terra que espera
Sua espessura à caminho de uns rios
Leitos abrindo às correntes severas
Toda ventura em seus belos desvios
Quedas de altura em um véu luzidio...
Águas nascidas na fonte das eras...
Águas maternas nas águas de Iara
Onde as sereias encantam histórias
Águas, corrente em passado à memória
Trazem lembranças, primevas e raras...
Águas de março, e de toda estação
Cantam canções que orquestrou criação...
ÁGUA... ÁGUAAAAA!
Mas, hoje eu sinto, um vazio em você
Não vejo mágoa, nem raiva, nem ira
Sempre à espera com a face tranquila
Mas, sua alma suspensa a prever,
Dor no futuro se a fonte morrer...
Sei, no entanto, é lei renascer!
O sofrimento a você imputado
Faz do seu sangue mais puro e sagrado
Chegando ao tempo do mal fenecer...
E num olhar ao piscar de repente
O Homem se vê, do planeta ausente...
Pois, sem a fonte jamais vai plantar
Nunca mais ver ribeirinho a pescar,
Nem com a força as ondas do mar...
Dessedentar vai jamais sua sede
Nem vislumbrar alto-mar de uma rede...
Nem ter família entre quatro paredes...
Volte-se Homem saído à caverna
Beba essa água que hoje inferna
E poluída por ti se prosterna...
Águas servindo ao chão e as alturas...
Não te condenes, ó Homem à procura
Quando não mais eis de tê-las tão puras...
Faças por tudo, ao mundo e agora
Pois, já passou um segundo da hora
Pense em teus filhos na próxima aurora...
E por aqui, vejo as águas passando
Se puras passam, dão vida ao teu corpo
Pense um pouco, até quando, até quando...?
Dia mundial da água: 22/03
Autor: André Pinheiro
17/03/2015